Estive a ver uma entrevista da BBC International a três líderes políticos indianos sobre a posição da Índia relativamente à guerra da Rússia na Ucrânia. A entrevista foi conduzida por uma jornalista indiana. Ela pergunta porque é que a Índia não condena a agressão da Rússia e apoia as sanções.
Um dos dirigentes diz que a guerra é da Euroásia e não tem nada que ver com a Índia. A jornalista pergunta se o ataque a um país democrático e pacífico não tem a ver com todos. Um dos dirigentes diz claramente que o argumento moral não faz parte das relações internacionais e da realpolitik e que a Índia tem é que pensar no seu interesse, nas parcerias de negócios, nos descontos do petróleo, etc.
Então a Índia faria negócios com Putin? Com certeza, dizem.
Outro ainda fala na posição delicada da Índia, nos laços com a China e a Rússia, mas acrescenta que a Ucrânia tem que entender-se com a Rússia diplomaticamente porque é assim que as coisas se fazem.
A conversa é toda assim: os interesses da Índia, as parcerias estratégicas, etc.
E isto é o que está mal no mundo: a ideia de que a moralidade é um discursos de idiotas que não percebem a realpolitik. É por saberem disto que os Putin's, os Bush's e outros invadem países, agridem, ameaçam. É porque sabem que os dirigentes dos outros países também são uns merdosos que põem os seus interesses económicos/de poder, acima de tudo.
Entretanto, ontem, quando perguntaram a Lakrov o que pensa da reputação da Rússia no mundo ele responde, embora de maneira educada, 'Estamos a c#%&# para o que o mundo pensa de nós, só nos importamos com a opinião dos russos'. Antes diz que os americanos também invadiram o Iraque, o que é verdade, mas esse paralelismo é uma admissão de estarem a invadir a Ucrânia com mentiras e propaganda pois foi o que Bush então fez.
O que está mal no mundo é a [má] qualidade ética de muitos dos seus dirigentes.