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December 06, 2024

Há 15 ou 20 anos que estes artigos de jornal aparecem recorrentemente

 


Já eram recorrentes muitos anos antes de haver falta de professores, quando já havia problemas a agravar-se na carreira docente, desmotivação a crescer e pessoas a desaparecer das escolas e continuam na mesma senda, mesmo já depois de não haver professores - coisa que há-de agravar-se nos próximos anos. 

A não-solução dos problema já nos custou os professores e vai-nos custar a qualidade do ensino porque agora, ao contrário do que acontecia, já não é possível ir escolher bons profissionais. Agora é mais, 'tudo o que vem à rede é peixe'. Pois mesmo assim, em vez de se resolver os problemas que assolam a educação, faz-se queixa das greves.

Sim, as greves prejudicam as aulas e os alunos - embora nós, professores, tenhamos estratégias preparadas para eventualidades e percalços - mas o que mais tem prejudicado os alunos nestes anos todos é o total desprezo a que a educação foi votada para poupar dinheiro. 

Fizeram esta cama mas não se querem deitar nela...

Ainda na semana passada li que a IL defende aulas online para combater falta de professores. Se não há professores onde se vão arranjar professores para as aulas online? O que é que a IL pensa que são aulas online? Como se fala muito em «dar aulas», as pessoas pensam que ser professor é «dar» palestras que temos decoradas na cabeça. Como é que as aulas online diferem das outras? Não implicam avaliações, fichas de trabalho, testes, discussão com os alunos, preparação diferenciada de aulas à distância, preenchimento de burocracia para cada aluno, etc? Quem é que vai dar aulas online? Os professores que dão aulas presenciais e já têm o horário cheio e com horas extra? Cada turma a mais representa uma enorme quantidade de trabalho de horas não lectivas, isto é, noites e fins-de-semana.

No mesmo artigo, a IL diz que, segundo as contas do seu líder, a redução de número de funcionários públicos pouparia entre 1500 a 2 mil milhões de euros. Lá voltamos à mesma de fazer contas de diminuir, em vez de dar qualidade aos serviços. Temos falta de professores, falta de médicos, de enfermeiros, de funcionários administrativos... mas a IL quer reduzi-los ainda mais. Se calhar devia ir ver onde estão esses funcionários públicos excedentários: nas administrações locais e central, vá ver os adjuntos, os assessores, os estagiários filhos de amigos do partido e todos esses que pedem aos amigos da política, "dá-me aí uma merda qualquer a ganhar 11 mil euros por mês, de preferência no estrangeiro". 

O dinheiro dos salários dos funcionários públicos são uma gota no oceano de desperdícios do Estado, da banca e das empresas públicas que são na ordem das dezenas de biliões.

Portanto, há 15 ou 20 anos que estes artigos de jornal aparecem recorrentemente, com as mesmas queixas e as mesmas não-soluções, mas parece que todo o mal são os funcionários públicos que o fazem e, em particular, os professores.

A educação em suspenso: falta de professores, greves e alunos sem aulas


A instabilidade crescente no sistema educativo já deixou milhares de alunos sem aulas. Esta realidade não só limita a aprendizagem dos alunos, como também acentua as desigualdades já existentes.



November 22, 2024

Se queres ter serviços públicos tens que querer ter funcionários públicos




E se queres ter serviços públicos de qualidade e de serviço à justiça social (tendencialmente gratuitos e universais), tens que querer ter carreiras públicas que acolham e retenham funcionários públicos de qualidade.

Enfermeiros fazem em média quatro pedidos por dia da declaração para emigrar


Este ano chegaram à Ordem 1344 pedidos de declaração que permite aos enfermeiros exercer fora do país, num total de 29 mil em 14 anos. Bastonário diz que é preciso tornar a carreira mais atractiva.

Público



November 07, 2019

Mas alguém acredita que a ministra Leitão vai valorizar os funcionários públicos...?



Mas não é óbvio que foi contratada para destruir as carreiras com o único fito de poupar dinheiro?


Livrar a função pública das Finanças
Ricardo Paes Mamede


... a tutela do emprego público passou do Ministério das Finanças para o recém-criado Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública.
(...) A degradação dos salários reais na função pública nos últimos 20 anos resultou do congelamento de salários, progressões e promoções, decididos pelos sucessivos governos. A estas medidas juntaram-se outras, onde se incluem: a redução do número de funcionários públicos a partir de 2005 (o volume de trabalhadores caiu cerca de 50 mil desde então), o aumento do número de horas de trabalho semanal (entretanto revertido), a revisão das regras de avaliação e progressão nas carreiras, ou a redução de estruturas e de dirigentes (no âmbito dos programas PRACE e o PREMAC).

Como assinalam nesta publicação os investigadores César Madureira e Maria Asensio, as "reformas" mencionadas foram guiadas mais pelo propósito de contenção de custos do que por qualquer critério de eficiência, eficácia ou equidade. Duas décadas de desvalorização salarial, de perda de estatuto social e de uma noção geral de desconsideração por parte das tutelas deixaram um lastro de desmotivação e de incapacidade para atrair e reter quadros.

Qualificar, motivar e renovar os funcionários do Estado é o maior desafio da nova ministra Alexandra Leitão.