Controladores em falta e presenças fictícias
Um relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF), cujo conteúdo foi revelado esta sexta-feira pelo Expresso, revelou duas falhas graves no controlo aéreo de Portugal, que por pouco não resultaram em acidentes, no espaço de pouco mais de um ano.
Na noite de 27 de abril do ano passado, um Boeing 737 de carga ficou a 300 metros na horizontal e a 150 metros na vertical da viatura aeroportuária Follow Me quando descolava do Porto rumo à Bélgica.
Pouco mais de um ano depois, na manhã de 13 de maio, o aeroporto de Ponta Delgada viveu um episódio semelhante, quando um Airbus 321 da TAP foi autorizado a aterrar quando um Follow Me estava na linha direita da pista - avião e viatura ficaram separados por 280 metros.
Em ambos os incidentes só havia um controlador na torre, quando deveriam estar ao serviço mais quatro elementos no Porto e mais dois em Ponta Delgada. E não estavam por decisão de ambos os operacionais, também supervisores, que assinavam presenças fictícias no local de trabalho, que foram remuneradas.
PSD quer chamar entidades responsáveis ao parlamento
O PSD quer chamar ao parlamento responsáveis da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), da Navegação Aérea (NAV) e do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) por alegadas falhas no controlo de tráfego.
"Segundo a informação hoje vinda a público através da comunicação social -- citando com muito pormenor um alegado relatório secreto do GPIAAF -, são apontadas graves falhas no controlo de tráfego aéreo, que por mais de uma ocasião e no período de um ano apenas poderão ter posto em risco a segurança geral em dois aeroportos, nomeadamente a integridade de passageiros e trabalhadores dos aeroportos em questão", lê-se num requerimento do PSD.
O Expresso noticiou que uma investigação detetou controladores em presença fictícia, com regras aleatórias ou a verem televisão.
O relatório citado pelo semanário dá ainda conta de que a NAV não respeita a política de cultura justa para incentivar o reporte de incidentes.