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April 26, 2024

DUNE - o filme e a música

 

Quarta-feira ao fim do dia fui a Lisboa ver o Dune Part Two, no último dia em que esteve em cena, ao fim de mais de mês e meio. Já o tinha visto no portátil, mas não é a mesma coisa que ver num ecrã grande, porque o filme é épico e tem cenas imponentes no deserto e cenas de batalhas de grande escopo que só se aproveitam devidamente num ecrã grande. Também, e muito importante, é preciso ouvir a música extraordinária do Hans Zimmer sair de speakers potentes. Metade do impacto do filme vem da música dele.

Vi uma gravação dele a revelar como tinha chegado àquela música, onde foi buscar inspiração e como encontrou artistas extraordinários, desde cantores (como a Loire Cotler que canta neste primeiro vídeo) até músicos que modificam ou inventam instrumentos e sons a partir de restos de metais.

O filme é muito bom. Se o primeiro Dune introduzia as personagens e o contexto palaciano da obra, este segundo explode em cenas de acção com grande cenários no deserto e grande dramatismo, embora sempre com o fio condutor humano a guiar toda a acção.

Grandes actores. Javier Bardem faz o melhor papel que lhe vi até hoje, ao interpretar o Fremen, mentor de Paul Artreides, mas também o fanático religioso à procura do Messias. Um carisma que sai do ecrã e enche a sala. Mas também todos os outros. A actriz que representa a Zendaya é completamente credível e intensa no papel. O Josh Brolin, a Rebeca Ferguson e todos os outros. 

Temas musicais diferentes do filme:

 O poder do deserto - aqui Hans Zimmer a tocar o tema principal do filme com os colaboradores. A voz quase selvagem de Loire Cotler 


A música das cenas românticas entre Chani e Paul Artreides - uma música lânguida e sensual


As máquinas gigantescas que sugam a especiaria e que têm um beat primitivo


O tema que corresponde ao mau presságio de um futuro sombrio ligado à ascensão do poder de Paul Atreides como Messias. Dune é um livro que adverte contra o perigo de controlo cultural que um messias representa, com os seus fanáticos religiosos.



November 22, 2021

Filmes - Dune

 


Esta versão do Dune é wagneriana. Desde a primeira cena até à ultima. O filme é lindo com uma música envolvente. Ao contrário do que tenho ouvido, o filme é muito fiel ao espírito do livro. Se bem que nos apresente a trama a partir da perspectiva da casa Atreides e apesar de faltarem algumas personagens, parece-me que foi uma escolha inteligente porque o livro é muito complexo e num filme só seria difícil percebermos o que está em causa nas tensões entre os vários grupos - não é como um série da TV que num ano tem 12 episódios de uma hora para explicar tudo e depois mais cinco ou seis temporadas. Desta maneira, mesmo quem nunca leu os livros, percebe e acompanha muito bem o evoluir das tensões. É verdade que o filme, tendo um tom wagneriano, podia ter mais meia hora e incluir algumas cenas e personagens que faltam, mas há muitas pontas que se lançaram neste filme e adivinhamos que vamos ter todas as personagens em falta no segundo filme, pois este é só o princípio, como se diz no fim do filme. 

Os actores encarnaram muito bem as personagens que representam. Todos sem excepção. Não se apanha um sequer, a destoar um bocadinho que seja do espírito das personagens do livro. Desde Paul até Liet Kynes, todos são impressionantes no papel que representam. Dois deles estão irreconhecíveis e só percebemos quem são pelas vozes: Charlotte Rampling no papel de Reverenda Madre Mohiam e Stellan Skarsgård como Barão Vladimir Harkonnen. O Barão não está tão gordo e grotesco como no livro, mas mantém fidelidade ao espírito da personagem. 

Os ambientes vastos e despojados dão-lhe um tom apocalíptico, entre o agreste e o mítico.

O filme é duma enorme beleza épica. Tal como uma ópera de Wagner que dura cinco horas que passam a correr, também o filme é uma ópera cinematográfica de duas horas e meia que passam a correr.

Tenho um feeling que o segundo filme vai ser muito mais indoors. Já estou expectante.