Esta versão do Dune é wagneriana. Desde a primeira cena até à ultima. O filme é lindo com uma música envolvente. Ao contrário do que tenho ouvido, o filme é muito fiel ao espírito do livro. Se bem que nos apresente a trama a partir da perspectiva da casa Atreides e apesar de faltarem algumas personagens, parece-me que foi uma escolha inteligente porque o livro é muito complexo e num filme só seria difícil percebermos o que está em causa nas tensões entre os vários grupos - não é como um série da TV que num ano tem 12 episódios de uma hora para explicar tudo e depois mais cinco ou seis temporadas. Desta maneira, mesmo quem nunca leu os livros, percebe e acompanha muito bem o evoluir das tensões. É verdade que o filme, tendo um tom wagneriano, podia ter mais meia hora e incluir algumas cenas e personagens que faltam, mas há muitas pontas que se lançaram neste filme e adivinhamos que vamos ter todas as personagens em falta no segundo filme, pois este é só o princípio, como se diz no fim do filme.
Os actores encarnaram muito bem as personagens que representam. Todos sem excepção. Não se apanha um sequer, a destoar um bocadinho que seja do espírito das personagens do livro. Desde Paul até Liet Kynes, todos são impressionantes no papel que representam. Dois deles estão irreconhecíveis e só percebemos quem são pelas vozes: Charlotte Rampling no papel de Reverenda Madre Mohiam e Stellan Skarsgård como Barão Vladimir Harkonnen. O Barão não está tão gordo e grotesco como no livro, mas mantém fidelidade ao espírito da personagem.
Os ambientes vastos e despojados dão-lhe um tom apocalíptico, entre o agreste e o mítico.
O filme é duma enorme beleza épica. Tal como uma ópera de Wagner que dura cinco horas que passam a correr, também o filme é uma ópera cinematográfica de duas horas e meia que passam a correr.
Tenho um feeling que o segundo filme vai ser muito mais indoors. Já estou expectante.
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