O grau de civilização de uma sociedade (ou pessoa) tem de medir-se pela qualidade das relações que mantém com os outros seres humanos (e não só), o modo como os trata. Não apenas reconhecendo aos outros direitos humanos, mas reconhecendo a si mesmo deveres de civilização. Cada vez que alguém -ou um Estado, uma religião uma ideologia, etc.- maltrata alguém, cada vez que humilha, que oprime, discrimina, que tortura, que escraviza, que cala, etc., recua no seu grau de civilização.
A civilização é um processo em curso que tem avanços e recuos. As ditaduras e as tiranias são organizações sociais de recuo de civilização porque negam aos outros direitos humanos e sociais - que exigem para si. Ideologias que se afirmam como ditaduras de um grupo social sobre os outras, sejam ditaduras comunistas ou capitalistas são organizações sociais de recuo de civilização porque negam aos outros direitos humanos e sociais - que exigem para si. Religiões que se afirmam pelo totalitarismo ou pelo apartheid de género são recuos de civilização porque negam aos outros direitos humanos e sociais - que exigem para si.
Quanto mais avançamos na consciência desses deveres de civilização, mais incivilizados nos parecem -e são- os recuos: a escravatura hoje parece-nos totalmente incivilizada relativamente ao que já pareceu há séculos, quando a consciência dos direitos comuns humanos era mais infante.
Medimo-nos, para avaliarmos o nosso grau de civilização, pelo melhor que as sociedades já fizeram em termos de avançar na civilização: por isso lemos vozes antigas, pessoas altamente civilizadas antes de tempo, digamos assim. Neste momento não há dúvida que a religião islâmica -bem como a evangelista, embora esta em menor grau porque não pratica o assassínio de mulheres e infiéis- estão num processo de recuo de civilização muito grande.
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A cena foi censurada na televisão do regime islâmico. Duas taekwondoistas iranianas abraçam-se no pódio olímpico, desafiando a propaganda de ódio do regime contra Kimia Alizadeh, iraniana fugida do Irão por recusar o véu islâmico e medalha de bronze sob a bandeira búlgara, e Nahid Kiani, medalha de prata pelo Irão.