October 27, 2024
November 17, 2021
O mistério da cara de Mário Soares nas pinturas religiosas
Porque é que os baby-djesus e os putti das pinturas religiosas têm sempre a cara de Mário Soares? Clique-se nesta obra de Durer e veja-se em pormenor a cara do menino Jesus e dos flying putti -é como se Soares tivesse pousado para o pintor. Em praticamente todas as obras religiosas de todos os autores o menino Jesus é o Mário Soares. Percebemos porem-lhes cara de adulto: na mentalidade da época, se Jesus é Deus não pode ser infantil, mesmo na idade de ser infante. Deus é sempre Deus. Isso percebemos. O que não percebemos é: porquê a cara sempre igual e sempre a do Mário Soares? Um mistério...
Entretanto: os verdes de Durer. Absolutamente apaixonada pelos verdes da pintura: do manto, da parede, da coroa, dos panejamentos dos putti. Onde é que ele ia buscar estes verdes cheios de textura e densidade nestas tonalidades que vão do musgo e da esmeralda à floresta virgem encerada? Os verdes de Durer suplantam todos os outros, mesmo os de Varonese.
Albrecht Durer (1471-1528) The Dresden Altarpiece. 1496. Gallery of old masters. Dresden
November 05, 2020
August 20, 2020
Querido Dürer
Escrevo-te esta carta meio milénio depois da tua vida para dizer-te que continuas vivo. Não perdeste nada do teu brilho nem do teu olhar humano, cheio de compaixão e sinceridade. Ainda vemos a expressão da humanidade nas tuas obras - apanhaste tudo: o mistério das coisas e das pessoas, a crueldade, a pobreza humana e a riqueza da natureza, o desânimo do olhar, a luxúria e a morte, o amor, a fatiga, os sonhos, o belo e todos os outros traços do rosto humano. Tornaste fácil amar-te. A melancolia ainda é assim, esse ar parado e pesado, perdido no aperto do estômago. O resultado da tua luta não se perdeu no tempo e teu olhar educa e enriquece o nosso. Tenho a certeza que lá onde estás, és um fotão no universo escuro.
June 05, 2020
What a mess. Just like life...
Quando se vê em pormenor (é clicar no nome ali ao lado) como ele pintou as raízes, as hastes das flores a despontar, aquelas florzinhas, pontos luminosos que parecem pólens, tudo num emaranhado de aparência caótica e selvagem mas cada vida na sua vida a crescer e a ocupar o seu espaço na terra e debaixo do sol. Isto é tão bonito que até dói. A vida invisível das coisas que se emaranham em nós.
Albrecht Durer