Escrevo-te esta carta meio milénio depois da tua vida para dizer-te que continuas vivo. Não perdeste nada do teu brilho nem do teu olhar humano, cheio de compaixão e sinceridade. Ainda vemos a expressão da humanidade nas tuas obras - apanhaste tudo: o mistério das coisas e das pessoas, a crueldade, a pobreza humana e a riqueza da natureza, o desânimo do olhar, a luxúria e a morte, o amor, a fatiga, os sonhos, o belo e todos os outros traços do rosto humano. Tornaste fácil amar-te. A melancolia ainda é assim, esse ar parado e pesado, perdido no aperto do estômago. O resultado da tua luta não se perdeu no tempo e teu olhar educa e enriquece o nosso. Tenho a certeza que lá onde estás, és um fotão no universo escuro.
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