Quando o Império Otomano entrou em colapso em 1922 e o sultanato foi abolido, o califa e sultão otomano, Mehmed VI, foi banido por Ataturk e enfrentou sérias dificuldades financeiras.
O Nizam de Hyderabad, um dos homens mais ricos do mundo, ajudou-o financeiramente. Por fim, o califa deu uma das suas filhas em casamento ao filho do Nizam.
A família real foi enviada para o exílio e espalhou-se entre os EUA, a Europa e o Médio Oriente.
Enquanto os seus antepassados governaram vastos territórios em três continentes por mais de 600 anos, desde 1299, Osman viu-se a começar uma vida completamente nova na América, sem exércitos para comandar ou províncias para governar.
Morava num apartamento na Avenida Lexington e trabalhava discretamente como bibliotecário na cidade de Nova Iorque. Passava os dias rodeado de livros, em vez de cortesãos. No seu tempo livre, encantava as crianças locais com espectáculos de marionetas.
Ficou conhecido pela sua dedicação em cuidar da sua mãe idosa.
Nasceu em 1924, herdeiro do império Otomano, que já não existia, viveu como bibliotecário e morreu há poucos anos, em 2017.
Passar de imperador a bibliotecário não é assim tão incomum como parece.
No Japão, os imperadores podiam reformar-se para dedicar-se a compilar antologias de poesia.
Conhecidos como insei (ou chōkō), frequentemente tornavam-se mais influentes após abdicarem das suas funções oficiais para se concentrarem na composição de poesia e na supervisão de antologias da corte, que eram um aspecto significativo da vida da corte e do seu prestígio cultural. Esta prática permitia-lhes libertar-se das funções cerimoniais e das restrições políticas do imperador em exercício, permitindo um maior foco artístico e intelectual. Tornavam-se patronos e o que hoje chamamos 'influencers' culturais.
Não será o mesmo que perder o poder e a riqueza de um império e ir trabalhar anonimamente para outros país, distante, mas tem algo de comum com a ocupação de outros imperadores que passaram o poder a outro.
The Last Ottoman Generation and the Making of the Modern Middle East
por Michael Provence
The Last Ottoman Generation and the Making of the Modern Middle East
por Michael Provence
O período que se seguiu foi uma época conturbada, marcada por agitação social. Líderes insurgentes, treinados em tácticas militares otomanas e com tudo a perder com a queda do Império, desafiaram as potências mandatárias em várias revoltas armadas.
Este é um estudo deste período crucial na história do Médio Oriente, traçando o período através de movimentos políticos populares e da experiência do domínio colonial. Provence enfatiza a continuidade entre o final da era otomana e a era colonial, explicando como surgiram as identidades nacionais e como foram lançadas as sementes para muitos dos conflitos que definiram o Médio Oriente no final do século XX e início do século XXI.



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