July 04, 2025

Sandra Felgueiras - uma jornalista que não sabe considerar os problemas

 

Fala em ódio, ausência de humanidade e terrorismo como introdução à classificação das piadas de Joana Marques como tendo o efeito de infligir o medo e até sugere que é assim, com piadas que deixam pessoas chateadas, que começam as guerras como a que decorre entre o Irão e Israel e até fala em nazismo. Isto é a falácia do declive ardiloso (e este é um bom exemplo para apresentar na Lógica).

O declive ardiloso é um falso argumento em que, partindo de uma proposição inicial se vai encadeando consequências, como se fossem logicamente necessárias e inevitáveis, até chegar a uma conclusão catastrófica. Por exemplo: se não estudas para estes testes, tens más notas; se tens más notas não consegues entrar na faculdade; se não consegues entrar na faculdade, não arranjas um emprego decente; se não arranjas um emprego decente, entras em depressão; se entras em depressão tornas-te drogado ou alcoólico; se te tornas drogado ou alcoólico não consegues pagar uma casa e acabas um sem-abrigo. Conclusão; se não estudas para estes testes vais acabar por ser um sem-abrigo. É este o tipo de falso argumento que ela apresenta: se fazes umas piadas isso acaba na guerra como a que decorre entre o Irão e Israel. Ridículo.

Felgueiras parece, acima de tudo, ter medo que um dia façam piadas acerca dela. 

Compara uma piada sobre a interpretação de mau gosto de uma música, com alguém gozar com a violação de uma mulher. É preciso não ter noção de nada... 

E conclui dizendo que está tudo estudado e cita umas regras de caderno de aluno sobre a comunicação, que na sua cabeça esgotam as considerações possíveis sobre o assunto. 

E quando diz "que cada um vê o mundo pelos seus moldes" (depois de ter dito que já está tudo estudado e só há uma maneira de ver o assunto), está a confundir emoções, que cada um sente ao seu modo, com racionalidade, que é uma capacidade capaz de objectividade e universalidade.

E são estes os jornalistas que temos. Pessoas que defendem que o limite da liberdade de expressão é alguém não gostar das piadas. Com certeza estaria do lado dos que atacaram o Charlie Hebdo por causa de sentirem-se ofendidos com as caricaturas de Maomé. Uma lástima.

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Sandra Felgueiras

Descubra as semelhanças…entre Portugal e as guerras no mundo.
A liberdade é o maior legado de qualquer democracia.
Mas a liberdade tem limites. E são claros: termina onde começa o ódio. Quando o ódio se converte em palavras que podem gerar ações, violência e, no limite, conduzir ao terrorismo. O terrorismo é o ato de infligir o medo pela inexistência de limites ao ódio indiscriminado sobre civis. É a ausência de qualquer humanidade. De qualquer racionalidade .
É o vazio moral.
É por esta razão que se iniciam guerras de proporções inimagináveis como estamos a assistir com a entrada em cena dos Estados Unidos no conflito entre Israel e o Irão, esta madrugada.
A ameaça é a capacidade nuclear do regime liderado pelos Ayatollah. Esses líderes supremos que não são eleitos e declararam morte an Israel e aos Estados Unidos desde 1969.
Esta declaração é uma declaração de ódio.
Como são todas as declarações que ecoam entre neo-nazis.
Mas não só.
Sei que fica bem dizer que o humor é uma arte que deve ser respeitada porque, não aceitar este argumento, é por em causa a liberdade. Essa tão famigerada liberdade pela qual esta geração lutou imenso desde o ventre das suas mães.
É tudo lindo quando não é connosco. Quando o discurso de ódio, travestido de neo-nazi, de ayatollah ou humorista não nos toca a nós.
Se a humorista fosse uma criança na escola, estaríamos todos a concordar que ela faz bullying. Ou seja, usa as palavras para atingir gratuitamente o outro. O que muda no caso dos Anjos? Eles não são crianças e são figuras públicas. Esta dualidade já ditou a vitória de Joana Marques em tribunal. Não, não foi crime. E sim, eles puseram-se a jeito. Ah! Desculpem. Imaginem que eu agora diria isto de uma mulher que foi violada porque estava de mini-saia…em público? Imaginem que ninguém intervinha ou que ainda aplaudiam o ódio que ia nas veias de quem a violava? Não, não é comparável. Os atos são sempre diferenciados mas a génese é a mesma: chama-se ódio. Não tem um propósito benéfico à sociedade como deve ter todo o jornalismo, nem de criar algo novo. Alimenta-se da gaffe para denegrir. São todos os humoristas assim? Claro que não! A maioria sabe que as palavras geram atos.
PS - para quem não entendeu as comparações, sugiro que leiam textos de semiótica e lógica. A essência da comunicação (e percepção do ato comunicativo) está na forma, não no conteúdo.
Exemplo: A provoca B - B reage e escala para C.
Este meu texto é mais um exemplo de como cada um vê o mundo pelos seus moldes, esquecendo que na comunicação está tudo estudado há muitos anos.
Há apenas 3 atos que definem o ato de comunicar: locutório, ilocutório e perlocutorio.
Leiam “How to Do Things with Words” de J. Austin nos anos 50.
Talvez aí percebam que estou a falar de conceitos muito sérios e não a emitir uma opinião sem fundamento.
É bom concordar e discordar. Será melhor ainda que o possamos fazer com elevação.


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