May 09, 2025

Quando se faz uma citação, confirma-se antes de publicar

 


O Papa relativamente à questão da ostracização das mulheres na Igreja Católica (palavras minhas)


Mulheres, LGBTQI, migrantes, clima: o que pensa o novo líder da Igreja Católica

(excerto)

Outubro de 2023, declarou com clareza qb: “Clericalizar as mulheres não resolverá os problemas da Igreja e pode até criar novos.” 

[Ai pode, então porquê? E que problemas seriam esses? Perderem o monopólio do poder? Um homem decide por todas as mulheres que são a maioria dos fiéis?]

Nessa entrevista, chamado a comentar os apelos à governação feminina na Igreja, o então cardeal de dupla nacionalidade (norte-americana e peruana) mostrou-se frontalmente avesso à ideia de quebrar uma tradição com dois mil anos. Talvez precisemos de procurar uma nova compreensão ou um entendimento diferente tanto da liderança, do poder, da autoridade e do serviço — acima de tudo, do serviço — na Igreja, a partir das diferentes perspectivas que podem ser, se preferirem, trazidas à vida da Igreja por mulheres e homens”, admitiu, para sustentar que a ascensão das mulheres a cargos de topo na vida laica não terá paralelo no plano católico. “Não é tão simples como dizer: ‘Sabe, nesta fase, vamos mudar a tradição da Igreja depois de 2000 anos em qualquer um destes pontos’”, rejeitou, para explicar que o caminho passará pelo “reconhecimento contínuo do facto de que as mulheres podem acrescentar muito à vida da Igreja a muitos níveis diferentes”.

Público

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Factos:

A tradição de não ordenar mulheres não tem dois mil anos nem Cristo tem alguma coisa que ver com o ostracismo das mulheres na Igreja que é uma invenção dos homens medievais. Havia diáconas do sexo feminino na Igreja Católica Romana até à Idade Média, altura em que, subitamente, a Santa Sé decidiu que a Igreja tinha estado errada durante 1000 anos e retirou a permissão. Essas mulheres passaram a servir em conventos e deixaram de ser ordenadas. Note-se que são os HOMENS que retiram a autorização para as MULHERES participarem e apesar de não estar escrito em lado algum que Jesus tenha dito que os homens são mais importantes ou capazes que as mulheres, que a sua fé é mais católica, ou que as mulheres existem para obedecer a homens ou que são incapazes por serem mulheres. Porém, é essa a prática desta Igreja Católica Romana.

Outro exemplo desta retirada de direitos ocorreu em novembro de 1903, quando o Papa Pio X decidiu que as vozes das mulheres, que tinham cantado partes de soprano na liturgia da Igreja durante 1.900 anos, não deviam ser ouvidas nas missas porque não tinham sido ordenadas. Claro que ele não as ia ordenar, por isso mandou-as calar! Isto é uma retirada de permissão por parte de um homem terreno, que nada tem que ver com a fé ou a religião, mas apenas com o seu machismo que considerava as mulheres manchadas e não queria contaminações.

"Talvez precisemos de procurar uma nova compreensão ou um entendimento diferente tanto da liderança, do poder, da autoridade e do serviço - as mulheres podem acrescentar muito à vida da Igreja a muitos níveis diferentes”

Muito elegante: “do serviço”. Na realidade,  as mulheres são a maioria da população de toda a Igreja Católica Romana - e as freiras são as botas no terreno do serviço da ICR em todo o mundo. Elas são as defensoras da fé na linha da frente, enfrentando a maior parte da pobreza, da doença, da ameaça física, da guerra e do ódio político do Ocidente que a ICR encontra em todo o mundo. No entanto, a sua voz não tem valor nesse mundo de arrogância masculina.

Resulta que esta afirmação é, no mínimo, arrogante. As mulheres são a maioria mas ele, porque é homem, é quem vai diferenciar os níveis de “liderança, poder e autoridade” de uns e outros e, nomeadamente, o papel das mulheres.  

Portanto, é óbvio que este Papa não vai ser um libertador do sofrimento e menorização a que as mulheres estão sujeitas por parte dos homens da ICR, bem pelo contrário. 

A mim faz-me muita confusão, não a pessoa que é crente num Deus, pois essa é uma possibilidade real, mas a pessoa que, sendo lúcida e interessada no avanço de toda a  humanidade, sobretudo sendo mulher, aceite a obediência a uma instituição agarrada ao poder monopolista sobre metade da humanidade, a feminina, ao ponto de sujeitá-la a uma situação de escravidão. Estão à frente do Islão porque já não mandam matar mulheres desobedientes a homens, mas a mentalidade que pensa as mulheres como seres de segunda categoria abaixo dos machos, ainda está lá. 

Faz-me confusão que mulheres adultas e não analfabetas e que vêem esta ditadura de género abater-se sobre si, enquanto mulheres, a aceitem como coisa normal e não se libertem do jugo que lhes impõem - porque era só dizer: não! É o rebanhismo.
 
O filme, "Conclave" apanha muito bem essa situação sem a dizer explicitamente As mulheres estão presentes no Conclave para fazer raviolis aos cardeais, para lhes fazer as camas e lavar as peúgas. Eles tratam-nas por, 'my child'. Eles são os papás delas.

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