March 27, 2025

Espanha: greve ao pagamento das rendas a fundos de especulação imobiliária e às comissões abusivas dos bancos



Madrid

A porta-voz do sindicato, Valeria Racu, avisou os senhorios e o setor imobiliário que "a impunidade acabou", sugerindo mesmo a possibilidade de uma greve às rendas se os preços não baixarem. Nas suas próprias palavras:"Se continuarem a aumentar os preços, deixaremos de os pagar e não haverá polícia, tribunais ou bandidos para nos despejar a todos".

Críticas ao governo e exigências de ação

A manifestação não visou apenas os proprietários privados, mas também as autoridades. Os manifestantes exigiram a demissão da ministra da Habitação, Isabel Rodríguez, acusando-a de não ter aproveitado as oportunidades para resolver a crise.

Paloma López Bermejo, secretária-geral da CC.OO. de Madrid, uma das organizações convocantes, instou Ayuso a deixar de se declarar "insubordinada" à lei da habitação e a tomar medidas efectivas para fazer face à crise.

O impacto nos inquilinos: mais de 50% do salário

De acordo com o CC.OO. em Madrid, os trabalhadores da região estão a gastar "mais de metade do seu salário, no melhor dos casos, para terem acesso à habitação". Esta situação está a afetar gravemente a qualidade de vida de muitos madrilenos e a atrasar a emancipação dos jovens.

Vários manifestantes comentaram que as pessoas não têm qualquer possibilidade de ter um projeto de vida, tal como se reflete nos dados do Observatório Espanhol da Emancipação, que situa a idade média em que os jovens podem tornar-se independentes em mais de 30 anos.

Os jovens de Madrid têm de enfrentar um duplo problema: os baixos salários e o elevado custo das rendas, que podem atingir 35% a 50% do salário.

Fundos imobiliários abutres em foco

Uma parte significativa do protesto centrou-se na denúncia das práticas dos fundos abutres. Os manifestantes apontaram moradas específicas de edifícios ameaçados ou já detidos por estes fundos, acusando-os de despejar os residentes de longa data sem oferecer alternativas viáveis.

Esta manifestação em Madrid não é um caso isolado. Cidades comoGranada, Barcelona, Valência e Málaga assistiram a protestos semelhantes, demonstrando que a crise da habitação é um problema nacional que exige soluções urgentes e coordenadas.

Em Barcelona a greve começou por causa de um professor ter perdido a casa devido a um fundo de especulação imobiliária ter comprado o prédio em que morava e ter passado a sua renda de 700 euros para 2000 euros. a autarquia acabou por comprar o prédio por 9 milhões em conjunto com uma associação de defesa de habitação para que os inquilinos não fossem despejados.

As organizações que defendem o direito a uma habitação condigna intensificaram o seu trabalho de base, actuando bairro a bairro. A Plataforma pelo Direito à Habitação, criada em outubro de 2023, tem sido fundamental na organização desta mobilização, unindo diversas entidades como a Federação Regional de Associações de Moradores de Madrid e a União de Inquilinos.

Críticas às políticas atuais e exigências de mudança

Os manifestantes argumentam que nem a Lei de Habitação do Estado, nem o fim do Golden Visa, nem os planos de construção de novas habitações foram suficientes para travar o aumento dos preços de aluguer e de compra. Criticam a "posição morna" do Governo espanhol, reconhecendo o "passo em frente" que a Lei da Habitação representou, mas salientando que "não resolveu muitos dos problemas estruturais da crise que estamos a sofrer".

As reivindicações são:

* A proibição de despejos sem alternativas de habitação.
* A perseguição dos especuladores imobiliária
* Intervenção e regulação dos preços
* A recuperação da obrigação de os promotores imobiliários atribuírem uma percentagem dos novos edifícios à habitação social.

A manifestação sublinhou a necessidade de ações concretas e eficazes para fazer face à crise da habitação. Os manifestantes exigiram que todas as administrações públicas assumam as suas responsabilidades legais e sociais para inverter a situação atual.

Esta mobilização marca um ponto de viragem no debate sobre a habitação em Madrid e em Espanha. A pressão dos cidadãos pode ser o catalisador necessário para promover mudanças significativas nas políticas de habitação, com o objetivo de garantir o acesso a uma habitação digna para todos os cidadãos.

A mensagem final desta mobilização é clara: a habitação é um direito fundamental e não um mero produto de mercado.A porta-voz do sindicato, Valeria Racu, avisou os senhorios e o setor imobiliário que "a impunidade acabou", sugerindo mesmo a possibilidade de uma greve às rendas se os preços não baixarem. Nas suas próprias palavras:

Se continuarem a aumentar os preços, deixaremos de os pagar e não haverá polícia, tribunais ou bandidos para nos despejar a todos. euronews.com/my-europe/

Em Barcelona está a decorrer uma greve ao pagamento das rendas e das comissões abusivas dos bancos.

Espero que aqui sigam o exemplo de se oporem à ladroagem dos bancos e dos fundos de especulação imobiliária que expulsam as pessoas das cidades e da possibilidade de uma vida digna.

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