Já há um grupo de trabalho para “aperfeiçoar” o acordo ortográfico
Na última semana de aulas de 2021, mais precisamente entre os dias 14 e 18 de Junho, 30 alunos de quatro turmas do 9.º ao 11.º ano, e duas turmas do 12.º ano de Humanidades da Escola Secundária de São Lourenço, em Portalegre, fizeram um exame linguístico que tentava detectar efeitos do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) no modo como se fala e se apreende o português. Chamaram-lhe EILOS, acrónimo de Estudo sobre o Impacto na Linguagem Oral e na Sematologia, área que trata da significação e modulação das palavras.
O que verifiquei na altura é que os alunos, ao lerem um certo termo, já articulavam as palavras com algum emudecimento vocálico e até o apagamento de vogais pretónicas”, diz António Jacinto Pascoal, o professor que esteve à frente do projecto, dando como exemplo dessa alteração o efeito da retirada da letra “c” em “coletânea”. Como consequência, na oralidade, o “e” que antecede o “t” passou a ser pronunciado não de forma aberta, como até então, mas fechado, emudecendo a palavra. Ou seja, a alteração feita de modo a respeitar a fonética acabou por alterar o som com que a palavra passou a ser pronunciada.
(...) já em 2019, o então deputado do PSD José Carlos Barros, enquanto relator do Grupo de Trabalho – Avaliação do Impacto da Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, no Parlamento, chamava a atenção para a necessidade de “assumir que o acordo ortográfico [de 1990] correu mal”. Na entrevista que então deu ao PÚBLICO, sublinhava ainda que devia haver coragem política para assumir esses erros e que não deveria haver “tabus em democracia”.
Manuel Monteiro tem uma posição mais extremada. “Se há uma instabilidade lexicográfica, é evidente que alguma coisa não correu bem”, salienta. “Ninguém parece saber exactamente como é que se escrevem determinadas palavras”, salienta. Dito isto, para este revisor linguístico, “o acordo não é reformável, porque erigir ortografia com base na pronúncia nunca vai correr bem. Só é revogável.”
Muitas editoras e livros de estilo estabelecem-na como uma excepção quando adoptam o AO90. “Porque não voltar a olhar para a questão e repor o acento se ele faz assim tanta falta?”, propõe Ana Salgado. E termina: “É necessário voltar a olhar para casos como este.”
Público
Dito assim dessa maneira parece uma coisa completamente absurda. #Nena
ReplyDeleteE não é?
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