February 05, 2025

Trumpismos tugas

 


No caso concreto, é absurdo que um ex-primeiro-ministro, atual presidente do Conselho Europeu que até prepara um retiro dos líderes europeus sobre defesa, não explique por que carga de água o seu gabinete tinha num dos escritórios um cofre com uma pen como a descrita pela comunicação social. Se era normal receber informação sensível e secreta no seu gabinete e não a enviarem para investigação da origem. Se os seus chefes de gabinete costumavam ter segredos importantes do chefe e, se sim, por que escolheu tais pessoas. Se considera ou não que aquele tipo de informação não pode ser guardada no gabinete oficial de um primeiro-ministro. Que tipos de protocolos existiam para tratar a informação que recebiam. Desde logo porque se presta a especulação e a todas as teorias maléficas a existência, debaixo do guarda-chuva de um primeiro-ministro, informação pessoal de agentes policiais e secretos.

Vários pontos, porém, não são especulativos. É francamente absurdo que um chefe de gabinete de um primeiro-ministro receba – anonimamente, segundo se disse – uma pen com aquele conteúdo e não informe o primeiro-ministro e as autoridades para que investiguem. É muito pouco crível que deixe a pen para o seu sucessor e que este também mantenha a pen fora da órbita das autoridades – e continue sem informar o primeiro-ministro.


Por outro lado, já tendo existido outra fuga de informação sobre o mesmo tipo de agentes (o Ministério Público vai investigar se os casos estão ligados ou não), temos de reconhecer como é enternecedora a facilidade com que um funcionário da Segurança Social acede a estas informações sensíveis. Continua igualmente fácil? Não comprometer agentes vitais para a segurança nacional depende da honorabilidade e de boa saúde mental dos funcionários dos organismos do Estado? (Assim como as malas num aeroporto?) Ou já dificultaram tal roubo? Não sabemos, porque o atual Governo igualmente não explicou.

Maria João Marques in Público


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