Comprei o Jornal i porque traz um dossier grande com muito artigos sobre educação e pensei ir ler ideias interessantes sobre o tema, mas arrependi-me logo. Excepto um artigo escrito por alguém que de facto sabe do que fala, o resto dos artigos são um punhado de lugares-comuns e frases ocas e estúpidas ditas por quem se vê logo que não sabe do que fala e, pior, algumas são ditas a partir de lugares internos vazios, completamente vazios, como o artigo de abertura do Cabrita Saraiva que alinha uma série de frases do género, 'os alunos hoje em dia têm outros interesses e o que se aprende nas escolas como a literatura, já não interessa', etc.
É preciso ser muito inculto e intelectualmente poucochinho para não perceber o universalidade da boa literatura e da História, que tanto ensina a quem não é burro.
Enfim, já foi parar ao lixo. O que vale é que quase ninguém lê jornais e, portanto, não lê estas parvoíces. Porém, esta gente intelectualmente desinteressante tem muito poder na sociedade porque influenciam outros que têm poder e definem políticas. E o discurso e as próprias políticas de educação entranham-se nos pais e nos alunos que as engolem como verdades.
Ao contrário do que diz este ignorante Cabrita, os alunos interessam-se muito por temas da literatura, da arte e da filosofia, gostam de os aprender e discutir. O que eles não gostam, porque já não são capazes de o fazer, é de ter que depois estudar, organizar ideias, fazer exercícios ou testes, escrever, enfim, tudo o que os obrigue a focar-se e concentrar-se para reunir ideias e conhecimentos e produzir trabalho de qualidade. E não são capazes de o fazer porque milheres de vezes estes cabritas dos jornais, da política e das escolas de formação de professores transformaram os alunos em vítimas, quando dantes eram seres humanos com potencial.
Há pouco tempo li num jornal que os alunos do secundário 'exigem' o fim do exame de Português no 12º ano para não terem nenhum trabalho ou dificuldade em entrar para a universidade. Mas que universidade pode querer alunos que nem um exame são capazes de fazer? Que tipo de profissionais vêm a ser? Cabritas? Na outra semana fui operada. O médico operou-me de manhã e já tinha feito outra operação antes da minha. Eram nove da noite quando passou pelo quarto onde fiquei internada para dizer como tudo tinha corrido, etc. Ainda vinha vestido com aquela roupa do bloco cirúrgico. Quer dizer, passou o dia todo a operar. Calculo que tenha feito muitos exames na vida dele para chegar ali. Ainda bem, para mim e para todos os doentes que dele dependem.
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