Gostava que alguém me explicasse as virtudes desta sociedade de 15 minutos que estamos a criar

 

Aplausos estrondosos e críticas ferozes à estreia da versão reduzida de La Bohème

A versão abreviada de La Bohème foi encenada pela primeira vez em Perugia: dura noventa minutos em vez de duas horas e quarenta minutos.

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Em Itália, um tenor resolveu levar à cena a ópera de Puccini, La Bohème, em versão sumário para as novas gerações. Cortou partes inteiras da música e do texto para apresentá-la em 90 minutos - porque os jovens não conseguem já ouvir uma peça inteira.

Da mesma maneira que já não conseguem ver um jogo de futebol inteiro e vão ver o resumo ao YouTube.

Da mesma maneira que já não conseguem ler um livro e compram o resumo.

Qualquer dia as aulas passam de 90 minutos para 15 minutos, o máximo de atenção que os alunos estão dispostos a suportar.

Chegámos a esta situação em que é necessário desvirtuar toda a obra para que os jovens aceitem ser-lhe expostos.

De facto, como diz Oliver Roy, estamos num processo de destruição da cultura. Em breve toda a educação ou, pelo menos, a educação pública dos pobres, será reduzida a pequenas frases de FB. 

Gostava que alguém me explicasse as virtudes desta sociedade de 15 minutos que estamos a criar, que transforma os jovens em rebanhos de ignorantes emocionais vulneráveis, prontos a ser conduzidos à toca do lobo por um qualquer influenciador de Tik Tok.