July 05, 2024

A qualidade de muitos dos nossos professores universitários





Nunca percebo se este indivíduo é só ignorante ou se é um caso de dogmatismo cego à Cardeal Belarmino. 

O senhor não deve acompanhar as notícias. Não deve ter visto Guterres, Macron, Scholz e outros irem falar com Putin durante quase um ano e Putin responder-lhes que só sai da Ucrânia se a Ucrânia desistir da sua soberania. Não deve ter visto a invasão brutal da Ucrânia. Não deve ter ouvido a declaração recente da Rússia que pára a guerra se a Ucrânia lhes ceder os territórios ocupados ilegalmente. Não deve ver as notícias da brutalidade do exército russo, por ordem expressa de Putin, que condecora os piores de entre eles. Não deve ouvir as ameaças constantes de atacar com armas nucleares. Não deve ver as notícias da prisão sistemática e do assassinato dos opositores na Rússia. Não deve ter percebido a crescente militarização de toda a sociedade civil. Etc. 

A Rússia não foi o país-chave na derrota do nazismo: a ganância de Hitler em atirar dois terços do exército para as neves russas, como já antes Napoleão tinha feito, é que foi o ponto de viragem da guerra, porque permitiu os aliados entrarem na Europa e avançarem. Isso e Hitler não desistir de ter um quarto do exército desviado da frente para completar o desígnio do extermínio dos judeus. 

A URSS foi partida em pequenos Estados independentes? A Hungria, a Alemanha de Leste, a Checoslováquia, a Eslovénia, etc. eram "aliados de uma federação russa"? Vejamos, os países africanos eram 'aliados de uma federação portuguesa?'

A UE patrocinou uma insurreição em Kiyv (que ele escreve Kiev à russa)? Então como se explica que o povo todo queira ser da UE e odeie os russos? 

Os EUA viram em "Gorbachev um sinal de fraqueza e declararam-se vencedores da guerra-fria"? Não, o sinal de fraqueza veio do bêbedo de Yeltsin de quem os russos tinham vergonha, porque Gorbachev era, e é, visto com grande respeito e símbolo de clareza pelo Ocidente. Quem viu nele um sinal de fraqueza foi Putin e os outros russos saudosistas do império colonial soviético. 

Há 10 anos antecipei no DN o que está a acontecer: “Em 1985 publiquei um livro sobre o risco de guerra nuclear limitada na Europa. LOL Deixa-me fazer uma profecia do mesmo género lapalissiana: prevejo que num futuro não muito longínquo comecem guerras no mundo pela disputa de água potável. LOL

Nunca percebo se este indivíduo é mesmo ignorante ou se é um caso de dogmatismo totalmente cego à Cardeal Belarmino. 

Esta é a qualidade de muitos dos nosso professores universitários. Pelo menos já não assina, 'filósofo' e já não exige que o país lhe peça conselhos por ser muito inteligente e sábio... calculo que seja um progresso.


O que pensa a Rússia


Estamos cada vez mais próximos de uma guerra frontal entre a NATO e a Rússia. E que fazem os nossos governos? Exercícios de pensamento mágico e de reescrita da história! Em vez de falarem com a Rússia para evitar a hecatombe, encenam uma sinistra “celebração” do dia D, transformando a Rússia, que foi o país chave na derrota do nazismo, num ausente saco de boxe. Depois simulam uma “cimeira da paz”, em que a intervenção decisiva foi a presidente polaco, Andrzej Duda, ao revelar o verdadeiro objetivo do conclave: “descolonizar” a Rússia, parti-la em pequenos Estados independentes, como ocorreu na URSS…

Há 10 anos antecipei no DN o que está a acontecer: “Em 1985 publiquei um livro sobre o risco de guerra nuclear limitada na Europa (Europa: o Risco do Futuro). (….) Todos os especialistas que consultei me confessavam, em privado, ser inevitável, mais tarde ou mais cedo, uma guerra central com armas nucleares (...) Duas semanas depois da saída do livro, Gorbachev assumiu o comando da URSS. Então, aconteceu um milagre: Gorbachev preferiu salvar a paz, mesmo arriscando sacrificar o império soviético. Não só a Alemanha se reunificou, como a Rússia deixou, pacificamente, partir os seus aliados e fragmentar a sua federação. Gorbachev esteve em Berlim, para comemorar os 25 anos da queda do Muro [em 2014]. Mas ninguém o escutou quando este acusou o Ocidente de ter traído a Rússia, cercando-a com a NATO. A UE, ao patrocinar a insurreição de rua contra o governo legítimo de Ianukovich [Kiev, fev. 2014], violou uma regra básica das relações internacionais: não se humilha um potencial inimigo, se não o queremos enfrentar. As vozes ensandecidas no Ocidente que querem combater Moscovo, até ao último soldado ucraniano, não percebem que é a atual fragilidade da Rússia que faz aumentar a probabilidade de uma escalada bélica poder conduzir, no limite, a uma guerra nuclear na Europa.

Na verdade, a mesma liderança medíocre que vai arruinar a zona euro, talvez acabe por deixar mergulhar a Europa num mar de ferro e fogo. O milagre soviético não terá uma segunda edição russa” (“A Rússia não faz Milagres”, DN, 21 02 2015).

Os EUA viram na “santidade política” de Gorbachev um sinal de fraqueza e declararam-se vencedores da guerra-fria. Depois de décadas de humilhação diplomática, Moscovo seguiu Clausewitz. A invasão de 2022, visa “continuar a política por outros meios”. Para os russos, a destruição do Estado é absolutamente inaceitável. Um ataque em força da NATO sofre, por isso, de um paradoxo insuperável. Quanto mais próxima a NATO estiver da vitória, mais certa será a destruição mútua assegurada num inferno nuclear. O tempo escasseia para evitar este pesadelo.


2 comments:

  1. Li o título e fiquei curioso: quem seria o professor?
    Depois vi o nome e pensei: ah, julguei que fosse alguém...

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