- por Enrico Robusti
- um advogado de formação, um pintor de profissão e paixão. As suas telas actuais (começou por ser um retratista) são uma espécie de vortex da sociedade actual em decadência e desorientação, cheias de glutonice, sexo e consumismo.
Esta pintura é fascinante. Não paro de 'ver' nela interpretações diferentes.
Por exemplo:
A cara da mulher em cima da cadeira tem algo da distorção que encontramos em F. Bacon. Tem um ar selvagem, ela e a outra que dá o máximo balanço à vassoura para esmagar o minúsculo rinoceronte, o que faz pensar, 'qual destes animais é o selvagem?'
Ou: temos aqui o caso da sociedade actual que passa o tempo a ver gatinhos e leõzinhos que perdeu a noção da natureza selvagem dos animais. Todos são pets fofinhos que enfia em casa, de uma maneira ou de outra. Por vezes choca-se quando o seu pet cãozinho de 80 quilos que «nunca fez mal a ninguém» arranca a cabeça ao bebé com quem o deixou como se fosse um babysitter.
Ou ainda: a pintura é um ponto de vista machista sobre duas mulheres gays em vias de destruir um símbolo de virilidade masculina e de como tudo se tornou um símbolo de agressão e de perigo.
Ou: a geometria dos armários rectilíneos da cozinha e do chão quadriculado, tudo muito racional juntamente com a quieta monotonia da cor dos armários e da arrumação morta da cozinha onde nem se faz comida nem se come, em contraste com a violência com que uma berra e a outra se prepara para matar, tudo isto enfiadas em vestidos de cetim elegantes.
Etc.
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