Nem sabia que ele estava doente. Que pena... Santana Castilho foi o único indivíduo que passou por um governo a defender os professores e a educação e continuou pela vida fora sempre coerente com as suas convicções. Sabia do que falava, conhecia os problemas das escolas por dentro e não era um ignorante e um 'pedabobo' como a maioria dos ministros e secretários de Estado que passaram pelo ministério da educação. Pessoas assim fazem falta.
Santana Castilho (1944-2024): morreu o professor que detestava o “eduquês”
Morreu um dos mais antigos colunistas do PÚBLICO, alguém muito escutado na área da Educação e pouco preocupado com o ser polémico.
Quando a 6 de Outubro de 2001 começou a assinar uma coluna com o título genérico "Prova escrita", numa altura em que só capa, contracapa e alguns anúncios eram a cores neste jornal, Santana Castilho deixava já claro ao que vinha e como vinha e contra quem vinha. “Ano após ano, ministro após ministro, os problemas de fundo continuam intocáveis, sujeitos ao atavismo dos ‘pedabobos’ que influenciam a 5 de Outubro. Falando um erudito ‘eduquês’, essa corte tem imposto estereótipos pedagógicos ineficazes e eternizado tabus que vão conduzindo o país à desgraça, pela mão da permissividade e do facilitismo, únicos universos em que são competentes”, escreveu.
Não fosse a alusão à avenida "5 de Outubro", que deixou de ser a sede e sinónimo do Ministério da Educação, e podia ser uma crónica de Santana Castilho dos últimos meses. Apesar do percurso que o levou à Suécia, Finlândia, EUA, em estudo ou no desenvolvimento de estudos e projectos educacionais, ou de ter sido consultor da União Europeia, da UNESCO e do Banco Mundial, Santana Castilho sempre foi muito cáustico em relação às abordagens exacerbadamente técnicas da Educação, com as modas, o "eduquês" e com quem ele via como porta-vozes destas tendências. Os últimos responsáveis pela pasta da Educação foram vítimas dilectas dos seus adjectivos afiados e sarcasmo.
Já somos dois.
ReplyDeleteCalou-se uma das vozes mais desassombradamente crítica da deseducação que temos neste país.
Ficámos muito mais pobres.