Na segunda-feira passada, numa das turmas do 10º ano, dei à turma uma ficha de auto-determinação de valores fundamentais. Estamos a trabalhar essa questão dos valores e estamos na parte dos valores serem guias de acção na vida. Desafiei os miúdos a dizerem, por ordem, quais as 5 'coisas' que mais valorizam na vida. Alguns ofereceram-se para dizer e escrevi no quadro essas listas. Diziam mais ou menos a mesma coisa, embora em ordem diferente: a família, os amigos, o amor, a saúde, o dinheiro, a justiça ou a independência. Depois de as escrever inventei cenários para cada uma das listas em que tinham de tomar decisões difíceis entre a família e o amor, por exemplo, ou o dinheiro e a saúde, de maneira a levá-los a alterar constantemente a ordem dos seus valores ou até a ter que substituir valores por outros diferentes. O meu objectivo era que tomassem consciência da facilidade com que atraiçoamos valores que pensamos fundamentais, ao sabor das circunstâncias. Dei-lhes uma ficha (falei dela num posto anterior) para saberem auto-determinar os seus 5 valores fundamentais e como transformá-los em guias de acção para a vida. A ficha ajuda a responder à questão de saber, 'quem sou eu, como me vejo, no trabalho e na vida e com que valores me oriento'. A ficha ficou interessante e os miúdos compenetraram-se muito e em completo silêncio, naquela tarefa de descobrir quais são os seus valores fundamentais. No fim da ficha perguntei se alguém queria partilhar os seus 5 valores e duas alunas partilharam. Uma delas tinha como 2º valor, o 'poder', o que foi inesperado, do meu ponto de vista, mas interessante. A outra tinha em primeiro lugar, 'fazer a diferença'. Enfim, lembrei-me que podia fazer outra actividade que respondesse à questão, 'como é que os outros me vêem', o que se desvia um bocado do tema filosófico em discussão, mas pareceu-me que era interessante e de algum modo completava bem a ficha, porque os miúdos estão numa idade da adolescência em que precisam de referências para o auto-conhecimento - e vinha a propósito. Então propus-lhes uma actividade que faço às vezes nas aulas de psicologia, que consiste em cada um escrever o seu nome numa folha em branco e a folha passar por todos para que escrevam um valor positivo referente a cada um dos colegas. Meu Deus! A excitação que isto causou... Isto é numa aula às três da tarde em que eles geralmente já vêm muito cansados e estão meio moles, mas aquilo foi uma espécie de injecção de adrenalina. O alarido que a actividade causou... Quando saí da escola vi grupos deles com as folhas na mão a mostrarem uns aos outros o que estava escrito nas suas folhas, ainda em grande excitação sobre o assunto (espero que tenham ficado a pensar na questão dos valores). E é por isto que gostamos do ensino.
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