February 17, 2024

As novas pedagogias que deixam os alunos sem liberdade de escolha II

 


Os alunos herdeiros das pedagogias de, 'nenhum aluno fica para trás porque vamos atrasar todos até ao ritmo do que menos anda para ele não ficar triste e se sentir excluído' têm como consequência que os alunos da geração smartphone, que estão agora a chegar às universidades, revelem ser incapazes de ler um texto longo ou um livro inteiro, mesmo que não seja complexo.
Incapazes de lidar com as suas ideias, incapazes de acompanhar um raciocínio, de compreender uma situação. Incapazes de concentrar-se durante o período de tempo necessário para o fazer.
Incapazes de lidar com uma aprendizagem que não seja, 'gira', 'divertida' e uma espécie de jogo excitante. 
No entanto, os políticos que defenderam e defendem este nivelamento por muito baixo, do ensino, "para as crianças menos capazes não se sentirem excluídas" (dirigido, sobretudo, à escola dos pobrezinhos mas a apanhar todos por tabela), defendem, ao mesmo tempo, que este ensino que deixa os jovens intelectualmente deficientes, deve promover o pensamento crítico... 
O pensamento crítico é a forma de pensamento mais complexa que implica justamente a capacidade de acomodar um grande volume de conhecimentos, a capacidade de compreender ideias complexas, de discorrer o raciocínio sobre essas ideias e testá-las intelectualmente com outras ideias e conhecimentos. Muitos até defendem que as criança e adolescentes, se usarem bem o telemóvel (depois de verem muitos vídeos no TikTok e muita pornografia?), estão preparadas para decidir sobre o que querem aprender e como ser avaliadas. 
Sabemos que os telemóveis são viciantes como o álcool ou as drogas e que são tão nocivos como eles, mas defendemos que é bom incentivar o seu uso precoce e indiscriminado para desenvolver o pensamento crítico?
Se não se dão contra desta imensa contradição de defenderem, simultaneamente, a incapacitação intelectual dos jovens por via do reducionsmo à instrução por aplicações de telemóvel e a sua sofisticação intelectual, é porque talvez eles mesmos não tenham essa capacidade de espírito crítico desenvolvida e façam parte do número de pessoas que não é capaz de ler um livro complexo, mas não se privam de dar conselhos sobre o que deve ser a educação e até impor políticas.
Dada a impossibilidade de ensinar conhecimentos complexos e difíceis através da simplificação redutora dos programas e aplicações do smartphones da felicidade, os políticos decidiram eliminar os primeiros em favor dos segundos. 
Ora, não se pode, ao mesmo tempo, desenhar um ensino pouco exigente para que os alunos não sintam stress e andem sempre felizes e querer que a escola forme pessoas capazes de ultrapassar obstáculos, de lidar com o stress das dificuldades e crises e capazes de alcançar objectivos, metas que implicam esforço, trabalho, stress e crises ocasionais.
Vamos pôr os jovens a fazer meditação oriental para ficarem bem com o mundo e nunca se stressarem com tudo o que vai mal - em vez de capacitá-los para compreenderem e lutarem por um mundo diferente e melhor. 
Este tipo de pedagogias educativas é a maior traição que se faz, não apenas às crianças e jovens que, mesmo que quisessem escolher um caminho mais complexo, já não estão capacitados para o fazer, mas à nossa própria civilização ocidental, herdeira das Luzes, que deu origem a uma evolução extraordinária no conhecimento e nos valores e direitos da Humanidade, do qual beneficiamos, nomeadamente, no nosso estilo e possibilidades de vida - agora, francamente em decadência.
Como diz este o autor do texto do post anterior, O que está a acontecer com a geração actual não é que estejam simplesmente a escolher o TikTok em vez da Jane Austen: estão a ser privados da capacidade de fazer essa escolha - sem qualquer razão ou benefício real. 
O mundo da educação foi infectado por políticas de ditadura de imposição do empobrecimento intelectual por via de políticos e 'pedagogos' de pensamento dicotómico básico que entendem que devemos escolher entre educar para a felicidade ou para as exigências próprias do conhecimento e da vida - e escolheram a felicidade.

No comments:

Post a Comment