Ventura: mesmo planeta, outro mundo
A proposta de resolução apresentada pelo Chega, que visa conceder aos encarregados de educação o poder de autorizar a participação, ou não, dos seus filhos em aulas sobre identidade de género e outras temáticas, tem suscitado um intensa polémica. Esta medida coloca em risco o papel crucial da escola enquanto espaço de conhecimento, diálogo e diversidade.
Ao questionar se um pai que acredita que a terra é plana pode privar os seus filhos de aulas de Geografia ou se um fundamentalista de qualquer religião pode opor-se à participação dos seus ‘rebentos’ em aulas de Biologia, baseadas na teoria da evolução, a Iniciativa Liberal trouxe à luz a complexidade e os desafios enfrentados pela educação numa sociedade plural.
A escola é mais do que uma instituição que ensina a ler, a escrever e a contar. Desempenha um papel crucial no crescimento e formação das nossas crianças e jovens, não apenas transmitindo conhecimento académico, mas também promovendo a compreensão, o respeito pela diferença e a construção da identidade.
A liberdade de escolha dos pais é, sem dúvida, um direito constitucional, e que deve ser tido em conta. No entanto, impor restrições à diversidade de conhecimento que os alunos podem adquirir, compromete a missão essencial da escola. Os pais não são donos dos filhos. Até dos animais de estimação já somos designados de “tutores!
A educação deve ser um processo enriquecedor, fornecendo aos alunos as ferramentas para compreenderem o mundo. Restringir o acesso a determinados conteúdos com base em convicções individuais prejudica não apenas a qualidade da educação, mas também a capacidade dos alunos de enfrentarem os desafios contemporâneos. Negacionismos da evolução à parte, importante é garantir que a escola seja um espaço de respeito e diversidade.
Ana Cáceres Monteiro DN
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