Não somos um país com grandes riquezas estéticas, culturais. Tirando os poetas. Fui à baixa aqui da cidade comprar papel de embrulho e umas velinhas tea light encarnadas. Tirando a Av. Luísa Todi e as suas redondezas próximas o resto é uma tristeza. Ontem era uma loja de meias hoje é uma loja com uma vaca à porta. Ontem era uma ourivesaria, hoje é uma loja do chinês. Ontem era uma sapataria fundada em 1935 hoje é uma loja de budas miniatura. Ontem era uma livraria hoje é uma loja do chinês. Lojas fechadas com as montras tapadas com papel. Não sei, mas de repente senti tudo tão transitório e... feio... senti necessidade de ver qualquer coisa bela e substancial e fui até à Sé, ali perto, onde não entrava há muito tempo e sentei-me lá a olhar os azulejos das paredes, as colunas pintadas, as madeiras em talha dourada, os tectos altos, a pedra do chão com os sulcos do passar dos séculos. O espaço dentro da Igreja é qualitativamente diferente do do exterior. Fiquei lá um pedaço só a olhar a intransitoriedade do Tempo Eterno e a esvaziar-me das ruas que passam. Tirei umas fotografias antes de sair.
No comments:
Post a Comment