A privacidade e segurança das raparigas nas escolas desapareceram entre aplausos
Os casos de assaltos sexuais por miúdos trans (que frequentam casas de banho femininas) a raparigas são abundantes.
Maria João Marques
No último dia do Governo de António Costa em plenas funções, qual epitáfio, o PS e a restante esquerda aprovaram na especialidade o projeto de lei do PS sobre identidade de género nas escolas. Ou seja, PS e restante esquerda votaram, como finalização do legado do ciclo Costa, para eliminar nas escolas a privacidade e a segurança das raparigas quando usam casas de banho e balneários.
Esta votação acontece, mais dia menos dia, quando foram conhecidos os resultados da última avaliação PISA, com os alunos portugueses com desempenho em maior queda que os vizinhos europeus. E ocorre quando milhares de alunos das escolas públicas, prestes a terminar o primeiro período, continuam sem professor a pelo menos uma disciplina. E, porém, a prioridade de vários partidos para as escolas é estragar a vida das alunas.
Esta votação ocorre quando milhares de alunos das escolas públicas, prestes a terminar o primeiro período, continuam sem professor a pelo menos uma disciplina
Também é ilustrativo — do provincianismo português, da falta de informação generalizada e da pouca qualidade da classe política — o debate sobre as questões trans nas escolas ser feito nos exatos termos de há muitos anos, quando começou este processo legislativo em Portugal, alegremente desligados da evolução desta temática (literalmente alucinante) no resto do mundo desenvolvido. No momento em que vários países europeus começam a retroceder na loucura que se tornou o cuidado gender affirming para adolescentes com disforia de género, por cá ainda falamos como se tudo se tratasse de uma questão de conservadorismo e ruralidade portuguesa, a ser corrigida pelas nossas elites oh tão esclarecidas no Parlamento.
Enquanto na Suécia, na Holanda ou no Reino Unido (entre outros) se decide parar de dar bloqueadores de puberdade a adolescentes trans e de fazer cirurgias que retalhavam as mamas das raparigas menores, e a discussão é generalizada sobre o perigo que casas de banho e balneários mistos representam para a segurança sexual de mulheres (segundo o Sunday Times, quase 90% dos crimes sexuais ocorridos em balneários aconteceram em balneários mistos, de resto por agressores heterossexuais), por cá não tiramos nenhuma lição das experiências dos outros países.
Mas a lei aprovada não impõe casas de banho e balneários mistos nem tem que ver com hormonas. (Por acaso tem, porque o debate das questões trans tem de se fazer na globalidade.) Simplesmente adolescentes trans poderão usar as casas de banho onde melhor se sentirem. Verdade. Sucede que tal continua a ser perigoso para as raparigas. Os casos de assaltos sexuais por miúdos trans (que frequentam casas de banho femininas) a raparigas são abundantes. Tanto que no Reino Unido se começa a dar permissão para excluir pessoas trans de casas de banho e balneários femininos à conta dos direitos irritantes que são a privacidade e segurança das mulheres.
Adolescentes trans poderão usar as casas de banho onde melhor se sentirem
Um caso em 2021, numa escola na Virgínia, foi exemplificativo da hierarquia da ortodoxia das questões trans: direitos trans primeiro, direitos das mulheres e das raparigas só se for preciso para os políticos ficarem bem na fotografia. Talvez inspirando-se na política da Igreja americana de transferir padres abusadores para outras paróquias, também se decidiu, depois de uma queixa inicial, transferir um aluno de “género fluido” que violou uma rapariga numa casa de banho para outra escola: voltou a violar outra rapariga.
Estes parágrafos não são desprezo pelas circunstâncias dos miúdos trans. Concordo: têm todo o direito a ver nas escolas respostas para as suas necessidades. Contudo, essas respostas não podem acontecer torcendo-se e eliminando os direitos das raparigas, como faz esta proposta de lei. A escola tem obrigação de dizer às raparigas que valem, contam, são pessoas por inteiro, devem impor limites e lutar pelos seus direitos. Já a mensagem do projeto de lei agora aprovado é patriarcal ao nível mais bafiento: diz às raparigas para se secundarizarem face aos interesses alheios.
O projeto de lei sobre identidade de género nas escolas é vago, só para folclore eleitoral, a armar ao progressista saloio, e escusa-se noutro ponto importante nas escolas: o desporto.
O desporto é mais um tópico onde os direitos trans atropelam os direitos das mulheres, devido à maior capacidade física dos corpos masculinos face aos femininos. O problema de ter trans nos desportos femininos não se traduz somente nas vitórias que atletas com corpos masculinos facilmente obtêm quando competem com mulheres. Também se expressa no perigo de ter corpos masculinos, com mais força e capacidade muscular, em jogos de equipas de mulheres. Já tivemos atletas trans provocando lesões graves e permanentes em atletas mulheres no hóquei. No vólei. No futebol. Os casos multiplicam-se. A World Rugby, organização internacional da modalidade, já baniu atletas trans do râguebi feminino, por gritantes perigos para a saúde e segurança das mulheres da modalidade.
Mas desta vertente da identidade de género nas escolas ficamos sem saber como será. Os nossos sonsos deputados só legislaram o que periga a privacidade e segurança sexual das raparigas, desejando que abusos sexuais que acontecerão fiquem por reportar; assim todos podemos fingir que não existem. Rótulas espatifadas, cabeças partidas e nódoas negras são mais visíveis, pelo que os corajosos e progressistas deputados nacionais fogem disso.
Tenho para mim que um dia a sanidade será recuperada, se parará de impingir a miúdos autistas e gays e lésbicas que são trans. (Em 2020, um estudo de números largos confirmou a frequente coincidência de autismo e disforia de género: quem é neurodivergente tem uma probabilidade três a seis vezes maior que os neurotípicos de não se identificar com o seu sexo. Tornando este grupo num dos que mais recebem a "cura" de retalhar corpos de miúdos e uma vida entregue a tratamentos hormonais para os "corrigir".) E começar-se-á a aceitar como as pessoas são, sem necessidade de correção, bem como a diversidade dentro do sexo feminino e dentro do sexo masculino, ao invés de fazer equivaler sexo aos mais tradicionais estereótipos de género. Antes disso, encomendo ao Presidente: vete este ataque às raparigas.
Maria João Marques
No último dia do Governo de António Costa em plenas funções, qual epitáfio, o PS e a restante esquerda aprovaram na especialidade o projeto de lei do PS sobre identidade de género nas escolas. Ou seja, PS e restante esquerda votaram, como finalização do legado do ciclo Costa, para eliminar nas escolas a privacidade e a segurança das raparigas quando usam casas de banho e balneários.
Esta votação acontece, mais dia menos dia, quando foram conhecidos os resultados da última avaliação PISA, com os alunos portugueses com desempenho em maior queda que os vizinhos europeus. E ocorre quando milhares de alunos das escolas públicas, prestes a terminar o primeiro período, continuam sem professor a pelo menos uma disciplina. E, porém, a prioridade de vários partidos para as escolas é estragar a vida das alunas.
Esta votação ocorre quando milhares de alunos das escolas públicas, prestes a terminar o primeiro período, continuam sem professor a pelo menos uma disciplina
Também é ilustrativo — do provincianismo português, da falta de informação generalizada e da pouca qualidade da classe política — o debate sobre as questões trans nas escolas ser feito nos exatos termos de há muitos anos, quando começou este processo legislativo em Portugal, alegremente desligados da evolução desta temática (literalmente alucinante) no resto do mundo desenvolvido. No momento em que vários países europeus começam a retroceder na loucura que se tornou o cuidado gender affirming para adolescentes com disforia de género, por cá ainda falamos como se tudo se tratasse de uma questão de conservadorismo e ruralidade portuguesa, a ser corrigida pelas nossas elites oh tão esclarecidas no Parlamento.
Enquanto na Suécia, na Holanda ou no Reino Unido (entre outros) se decide parar de dar bloqueadores de puberdade a adolescentes trans e de fazer cirurgias que retalhavam as mamas das raparigas menores, e a discussão é generalizada sobre o perigo que casas de banho e balneários mistos representam para a segurança sexual de mulheres (segundo o Sunday Times, quase 90% dos crimes sexuais ocorridos em balneários aconteceram em balneários mistos, de resto por agressores heterossexuais), por cá não tiramos nenhuma lição das experiências dos outros países.
Mas a lei aprovada não impõe casas de banho e balneários mistos nem tem que ver com hormonas. (Por acaso tem, porque o debate das questões trans tem de se fazer na globalidade.) Simplesmente adolescentes trans poderão usar as casas de banho onde melhor se sentirem. Verdade. Sucede que tal continua a ser perigoso para as raparigas. Os casos de assaltos sexuais por miúdos trans (que frequentam casas de banho femininas) a raparigas são abundantes. Tanto que no Reino Unido se começa a dar permissão para excluir pessoas trans de casas de banho e balneários femininos à conta dos direitos irritantes que são a privacidade e segurança das mulheres.
Adolescentes trans poderão usar as casas de banho onde melhor se sentirem
Um caso em 2021, numa escola na Virgínia, foi exemplificativo da hierarquia da ortodoxia das questões trans: direitos trans primeiro, direitos das mulheres e das raparigas só se for preciso para os políticos ficarem bem na fotografia. Talvez inspirando-se na política da Igreja americana de transferir padres abusadores para outras paróquias, também se decidiu, depois de uma queixa inicial, transferir um aluno de “género fluido” que violou uma rapariga numa casa de banho para outra escola: voltou a violar outra rapariga.
Estes parágrafos não são desprezo pelas circunstâncias dos miúdos trans. Concordo: têm todo o direito a ver nas escolas respostas para as suas necessidades. Contudo, essas respostas não podem acontecer torcendo-se e eliminando os direitos das raparigas, como faz esta proposta de lei. A escola tem obrigação de dizer às raparigas que valem, contam, são pessoas por inteiro, devem impor limites e lutar pelos seus direitos. Já a mensagem do projeto de lei agora aprovado é patriarcal ao nível mais bafiento: diz às raparigas para se secundarizarem face aos interesses alheios.
O projeto de lei sobre identidade de género nas escolas é vago, só para folclore eleitoral, a armar ao progressista saloio, e escusa-se noutro ponto importante nas escolas: o desporto.
O desporto é mais um tópico onde os direitos trans atropelam os direitos das mulheres, devido à maior capacidade física dos corpos masculinos face aos femininos. O problema de ter trans nos desportos femininos não se traduz somente nas vitórias que atletas com corpos masculinos facilmente obtêm quando competem com mulheres. Também se expressa no perigo de ter corpos masculinos, com mais força e capacidade muscular, em jogos de equipas de mulheres. Já tivemos atletas trans provocando lesões graves e permanentes em atletas mulheres no hóquei. No vólei. No futebol. Os casos multiplicam-se. A World Rugby, organização internacional da modalidade, já baniu atletas trans do râguebi feminino, por gritantes perigos para a saúde e segurança das mulheres da modalidade.
Mas desta vertente da identidade de género nas escolas ficamos sem saber como será. Os nossos sonsos deputados só legislaram o que periga a privacidade e segurança sexual das raparigas, desejando que abusos sexuais que acontecerão fiquem por reportar; assim todos podemos fingir que não existem. Rótulas espatifadas, cabeças partidas e nódoas negras são mais visíveis, pelo que os corajosos e progressistas deputados nacionais fogem disso.
Tenho para mim que um dia a sanidade será recuperada, se parará de impingir a miúdos autistas e gays e lésbicas que são trans. (Em 2020, um estudo de números largos confirmou a frequente coincidência de autismo e disforia de género: quem é neurodivergente tem uma probabilidade três a seis vezes maior que os neurotípicos de não se identificar com o seu sexo. Tornando este grupo num dos que mais recebem a "cura" de retalhar corpos de miúdos e uma vida entregue a tratamentos hormonais para os "corrigir".) E começar-se-á a aceitar como as pessoas são, sem necessidade de correção, bem como a diversidade dentro do sexo feminino e dentro do sexo masculino, ao invés de fazer equivaler sexo aos mais tradicionais estereótipos de género. Antes disso, encomendo ao Presidente: vete este ataque às raparigas.
Amanhã, acho que me vou sentir mulher, pelo que quero ir à casa de banho das professoras, de preferência no momento em que lá for uma colega loura que chegou há pouco à escola.
ReplyDeleteO que é ainda mais absurdo do que tudo o resto é que são mulheres "progressistas", como as manas Mortágua, Catarinas Furtado, filhas de políticos que se estão a c... para o segredo de justiça que estão na vanguarda de tudo isto.
Gente que não lê sobre os assuntos que legisla e não pensa.
DeleteNão seria melhor assim: Quanto mais burros e ignorantes mais nós, eleitores, votamos neles?
ReplyDeleteNós? Fale por si.
DeleteSim, falo por mim: só disponho de 1 voto.
ReplyDeleteMas há milhares de eleitores a votar com o resultado que se vê. Seria melhor acabar com esta coisa de votar? Ou só permitir o voto aos que pensam de maneira certa? Ou ..... o quê?
Você faz a festa sozinho... divirta-se.
Delete"Você faz a festa sozinho... divirta-se." Belo argumento. Com este tenho de me calar e aceitar que estou errado.
ReplyDeleteMandar bocas não é falar.
Delete