A conclusão deste longo argumento que concluiu que Israel está a fazer uma guerra injusta, baseia-se em premissas que ocultam factos e, por vezes falseiam factos. Logo, não é válida.
Israel declarou-se em guerra? Então, se um grupo de terroristas entra no seu território e propositadamente vai atrás de civis para torturá-los e matá-los de maneiras próprias do Daesch (ou pior) e raptar bebés, crianças, etc., isso não é uma declaração de guerra? Israel é que declarou que está em guerra?
Não cometam o erro que nós cometemos no 11 de Setembro. Isto queria dizer duas coisas: primeiro, que a resposta era legítima, mas deveria ser proporcional; segundo, que a solução não poderia ser estritamente militar, deveria ser também política é um aviso contra vinganças desadequadas. Onde é que esta mensagem fala em soluções políticas? Na imaginação especulativa do autor do artigo. Ademais, a vingança dos EUA foi desadequada porque foi dirigida, não aos autores do ataque de 11 de Setembro, mas contra o povo do Iraque que nada tinha a ver com o assunto. Ora, neste caso, os israelitas contra-atacam os seus atacantes e disso não há dúvida, nem desadequação.Israel lançou uma intensa campanha de operações punitivas sobre Gaza. Em primeiro lugar, a campanha não é meramente punitiva. Israel está a eliminar um bando de terroristas que diz claramente que vai lançar mais ataques de violadores, torturados e raptores até destruir todo o Estado de Israel, de maneira que os israelitas estão numa luta pela sua sobrevivência enquanto Estado. No dia em que os judeus deixarem de ter um Estado para viver e tiverem que mendigar aos países do mundo para os deixarem viver, como aconteceu durante milhares de anos, são completamente exterminados. Ora, os EUA que são invocados aqui, não estavam na situação de serem ameaçados a ficar sem Estado e a serem exterminados, como o Hamas quer fazer, de maneira que as duas situações não são comparáveis, nem este facto pode ser ignorado nesta guerra começada pelo Hamas, numa altura em que os Árabes queriam ter relações normalizadas com Israel. Isso também não pode ser ignorado na análise do problema.
Em pouco mais de um mês, lançou cerca de 7000 ataques aéreos. Quantos ataques com rockets fizeram os do Hamas? Ou têm estado parados e inactivos sem fazer nada?
com as duas narrativas em confronto? Por no mesmo prato da balança, terrorismo e guerra, enviesa logo todo o debate. O autor do artigo dá credibilidade à narrativa dos terroristas do Hamas que defendem, oficialmente (não vozes isoladas, mas os líderes todos que falam pelo grupo) o fim dos israelitas como povo. Acha isso, "uma narrativa"?
A campanha punitiva que visa as estruturas do Hamas causou destruição e vitimou milhares de civis palestinianos. Pois, isso não sabemos ao certo porque quem divulga números são os líderes do Hamas, um bando de terroristas, criminosos raptores.
E nem os apelos do secretário-geral da ONU para uma pausa humanitária, nem uma segunda visita do secretário de Estado americano a reiterar os avisos de Biden contiveram a fúria israelita. Os apelos de Guterres têm sido no sentido de relativizar o terrorismo, recusar-se terminantemente a classificá-lo como tal e dar força e palco ao Hamas. Com isso perdeu a credibilidade e o poder de mediar uma paz que, aliás, neste anos todos à frente da ONU, nunca tentou sequer fazer.
... a justiça no modo de fazer a guerra, que, para ser justo, deve cumprir princípios fundamentais: em particular, o da necessidade e o da proporcionalidade. A necessidade é a da sobrevivência enquanto país e povo e a proporcionalidade tem que ver com os meios que se empregam para conseguir derrotar o invasor nas condições em que está no terreno, que são condições em que usa os palestinianos (para além dos reféns) como escudo, propositadamente, em redes de túneis. Como é que isso se faz? Com magia?
... o cerco a Gaza e a privação das condições básicas de vida das populações estão muito para além da proporcionalidade e quiçá da própria necessidade. O cerco é uma estratégia de guerra legal, as condições de vida dos palestinianos (neste momento terríveis) como sabemos desde há semanas, são negadas aos palestinianos pelo próprio Hamas e nem sequer o escondem. Dizem claramente que não querem saber de 90% dos palestinianos e que a ONU é que tem de tratar deles. Vivem no túneis com combustível, comida, medicamentos, etc. roubados à ajuda humanitária enquanto deixam o povo a fazer de mártires. E defendem publicamente que é necessário que haja milhões de mártires para que o mundo tenha pena deles e acabe com os israelitas. O chefe do Hamas que vive no Qatar, é dono de uma fortuna de 4 biliões que amealhou à custa das ajudas humanitárias e não mexe um dedo para ajudar os palestinianos. Porém, não vejo estes comentadores exigirem que o Hamas deixe os palestinianos saírem de Gaza ou que ordene a libertação de reféns. Isso de sacrificar o próprio povo e raptar crianças parece-lhe suma estratégia razoável.
Nuno Severiano Teixeira
O ataque-surpresa do Hamas no dia 7 de Outubro espalhou o terror, matou 1400 civis inocentes, feriu outros 3000 e ainda teve tempo para fazer 224 reféns. As imagens e os vídeos a correr nos media e nas redes sociais mostraram ao mundo, quase em directo, a barbaridade hedionda do movimento terrorista. Em plena guerra e, num gesto corajoso, Biden viajou para Israel para mostrar solidariedade ao seu aliado no Médio Oriente. Mas disse-o alto e bom som, à frente de Netanyhau: “Não cometam o erro que nós cometemos no 11 de Setembro.”
Isto queria dizer duas coisas: primeiro, que a resposta era legítima, mas deveria ser proporcional; segundo, que a solução não poderia ser estritamente militar, deveria ser também política. E voltou a pôr sobre a mesa a solução dos dois Estados. Israel reagiu, declarou-se em guerra, lançou imediatamente ataques retaliatórios, seguidos de uma intensa campanha de operações punitivas sobre Gaza. Em pouco mais de um mês, lançou cerca de 7000 ataques aéreos, montou um cerco ao território e, finalmente, lançou uma operação terrestre.
A campanha punitiva que visa as estruturas do Hamas causou destruição e vitimou milhares de civis palestinianos. E nem os apelos do secretário-geral da ONU para uma pausa humanitária, nem uma segunda visita do secretário de Estado americano a reiterar os avisos de Biden contiveram a fúria israelita.
No meio do conflito aberto, com as duas narrativas em confronto declarado, ninguém quer ouvir o outro, nem ninguém quererá saber disto. Mas talvez a teoria da guerra justa, que vai de Santo Agostinho a Michael Walzer passando por Hugo Grócio, nos possa ajudar. Se sou atacado não só tenho o direito de me defender como estou a agir de forma justa. Assim como aquele que, perante a agressão, vem em minha ajuda tem esse direito e age de modo justo. A autodefesa é não só necessária como legítima. A autodefesa é, de resto, o paradigma clássico da guerra justa. Ora, depois do ataque do Hamas, Israel tem, inequivocamente, o direito à autodefesa e a conduzir uma guerra, que nesse sentido, é uma guerra justa.
Mas, aqui chegados, é preciso distinguir com clareza a guerra em si e a conduta da guerra. Isto é, a justiça da guerra e a justiça no modo de fazer a guerra, que, para ser justo, deve cumprir princípios fundamentais: em particular, o da necessidade e o da proporcionalidade.
Ora, a extensão dos bombardeamentos, o cerco a Gaza e a privação das condições básicas de vida das populações estão muito para além da proporcionalidade e quiçá da própria necessidade, relativamente ao objectivo de guerra. É certo que não se trata de uma guerra clássica entre Exércitos regulares, mas de uma guerra assimétrica entre um Exército altamente tecnológico e uma milícia terrorista com uma tecnologia rudimentar. Mas, como em toda a guerra assimétrica, os insurgentes misturam-se com a população, escondem-se no meio da população e, neste caso, o Hamas expõe, deliberadamente, a sua própria população.
As perdas civis fazem parte da guerra, mas, quando são desproporcionais, são susceptíveis de ser expostas e usadas como arma política pelo opositor. E muitas vezes o Exército tecnologicamente avançado pode ganhar no plano militar e perder no plano político. Precisamente porque mata de mais. E nesta guerra porque, na percepção da comunidade internacional, o objectivo limitado de destruição do Hamas se apaga progressivamente sob a operação punitiva e sem limites contra os civis palestinianos.
A guerra é justa, mas a conduta da guerra, injusta. Ou melhor, era uma guerra justa que a conduta da guerra está a tornar injusta.
Não se podem escolher os factos que interessam à sua ideologia e ocultar os outros que não interessam. Como é que o NST defende que os israelitas se possam defender do terrorismo do Hamas, que vive à sua porta (e não milhares de quilómetros) sem ir atrás deles? E como vai atrás deles se estão escondidos em túneis debaixo da terra e debaixo de civis que não deixam sair de Gaza? E onde é que isto é punição?
Se calhar o NST gosta de viver num país onde um tipo do Hamas não invade a sua casa e o degola por ser infiel ou não lhe rapta a filha e a leva para ser violada por 20 ou 30 homens até lhe desconjuntar as pernas. Se calhar gosta que não andem por aí a entrar em casa de pessoas civis e a cortar os pés aos filhos de cinco anos em frente dos pais, ou queimá-los vivos ou cortar à faca um seio em de um mulher em frente dos filhos ou matar os pais e depois raptar os filhos pequenos cobertos do sangue dos pais para filmar e mandar aos amigos e postar no FB. Eu também gosto. Os israelitas também. E como é que isso se faz? Sem custos? Reza-se a Deus? Pede-se ao Hamas que abandone os seus propósitos terroristas e mude de vida? Acha que se pode negociar com violadores, decapitadores e gente que desmembra à machadada homens, mulheres e crianças e manda por vídeo aos familiares? Ou fica só a clamar por paz, mas não quer saber de como se lá chega?
A paz não é a ausência de guerra, como muito bem sabem os territórios ocupados por Putin e, infelizmente, por vezes, para termos paz temos que destruir os predadores que querem o caos: o Hamas, Putin, o Grande Líder do Irão e outros que tais. Como em tempos foi preciso fazer aos nazis. De certeza que já viu a que pontos teve de se chegar na destruição da Alemanha para que se rendessem. Se os americanos tivessem entrado na guerra um ano e meio antes, em vez de apenas clamar por paz, quantos milhares de vidas se tinham poupado?
Portanto, a conclusão de que Israel está a fazer uma guerra injusta não é válida nesta argumentação porque não decorre logicamente como consequência das premissas que são apresentadas.
Guerra justa, guerra injusta
Nuno Severiano Teixeira
O ataque-surpresa do Hamas no dia 7 de Outubro espalhou o terror, matou 1400 civis inocentes, feriu outros 3000 e ainda teve tempo para fazer 224 reféns. As imagens e os vídeos a correr nos media e nas redes sociais mostraram ao mundo, quase em directo, a barbaridade hedionda do movimento terrorista. Em plena guerra e, num gesto corajoso, Biden viajou para Israel para mostrar solidariedade ao seu aliado no Médio Oriente. Mas disse-o alto e bom som, à frente de Netanyhau: “Não cometam o erro que nós cometemos no 11 de Setembro.”
Isto queria dizer duas coisas: primeiro, que a resposta era legítima, mas deveria ser proporcional; segundo, que a solução não poderia ser estritamente militar, deveria ser também política. E voltou a pôr sobre a mesa a solução dos dois Estados. Israel reagiu, declarou-se em guerra, lançou imediatamente ataques retaliatórios, seguidos de uma intensa campanha de operações punitivas sobre Gaza. Em pouco mais de um mês, lançou cerca de 7000 ataques aéreos, montou um cerco ao território e, finalmente, lançou uma operação terrestre.
A campanha punitiva que visa as estruturas do Hamas causou destruição e vitimou milhares de civis palestinianos. E nem os apelos do secretário-geral da ONU para uma pausa humanitária, nem uma segunda visita do secretário de Estado americano a reiterar os avisos de Biden contiveram a fúria israelita.
No meio do conflito aberto, com as duas narrativas em confronto declarado, ninguém quer ouvir o outro, nem ninguém quererá saber disto. Mas talvez a teoria da guerra justa, que vai de Santo Agostinho a Michael Walzer passando por Hugo Grócio, nos possa ajudar. Se sou atacado não só tenho o direito de me defender como estou a agir de forma justa. Assim como aquele que, perante a agressão, vem em minha ajuda tem esse direito e age de modo justo. A autodefesa é não só necessária como legítima. A autodefesa é, de resto, o paradigma clássico da guerra justa. Ora, depois do ataque do Hamas, Israel tem, inequivocamente, o direito à autodefesa e a conduzir uma guerra, que nesse sentido, é uma guerra justa.
Mas, aqui chegados, é preciso distinguir com clareza a guerra em si e a conduta da guerra. Isto é, a justiça da guerra e a justiça no modo de fazer a guerra, que, para ser justo, deve cumprir princípios fundamentais: em particular, o da necessidade e o da proporcionalidade.
Ora, a extensão dos bombardeamentos, o cerco a Gaza e a privação das condições básicas de vida das populações estão muito para além da proporcionalidade e quiçá da própria necessidade, relativamente ao objectivo de guerra. É certo que não se trata de uma guerra clássica entre Exércitos regulares, mas de uma guerra assimétrica entre um Exército altamente tecnológico e uma milícia terrorista com uma tecnologia rudimentar. Mas, como em toda a guerra assimétrica, os insurgentes misturam-se com a população, escondem-se no meio da população e, neste caso, o Hamas expõe, deliberadamente, a sua própria população.
As perdas civis fazem parte da guerra, mas, quando são desproporcionais, são susceptíveis de ser expostas e usadas como arma política pelo opositor. E muitas vezes o Exército tecnologicamente avançado pode ganhar no plano militar e perder no plano político. Precisamente porque mata de mais. E nesta guerra porque, na percepção da comunidade internacional, o objectivo limitado de destruição do Hamas se apaga progressivamente sob a operação punitiva e sem limites contra os civis palestinianos.
A guerra é justa, mas a conduta da guerra, injusta. Ou melhor, era uma guerra justa que a conduta da guerra está a tornar injusta.
No comments:
Post a Comment