November 25, 2023

Pequeno dossier do 25 de Novembro - o fim do sonho de transformar Portugal numa ditadura comunista

 


- No dia 12 de Março, o dia a seguir ao início do PREC, começaram logo a matar pessoas. Distribuíram armas à populaça e injectaram-lhe violência. 


- Durante esse tempo do PREC, Cunhal já não falava sem cartazes gigantes de Marx, Lenine e Estaline atrás dele, nem fazia nada aqui em Portugal que não se tivesse já feito, em ponto grande, na União Soviética: saneamentos, ocupações de casas, terras, herdades, prisões arbitrárias, julgamentos populares. 

Dividiu o país quando viu que o povo não votava PCP nas eleições e até o CDS tinha ficado à frente deles. Se não fosse o 25 de Novembro teríamos tido aqui um paralelo 38 N a dividir o Alentejo e o Algarve do resto do país. 

Otelo achava-se o Kadafi do rectângulo e passeava-se por aí à patrão com os seus COPCONs a distribuir mandatos de prisão em branco para eles porem o nome que lhes apetecesse: ora toma lá um mandato em branco e vai prender alguém de quem não gostes ou que tenha alguma coisa que queiras. 

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O Documento dos Nove

A 7 de Agosto de 1975, véspera do dia previsto para a tomada de posse do V Governo Provisório, o Jornal Novo anuncia em manchete: “Documento Melo Antunes. O grupo não-radical propõe uma alternativa para a crise política”. A edição desaparece rapidamente das bancas. Por isso, no dia seguinte, o Jornal Novo volta a publicar o documento em primeira página, designando-o agora de “Documento dos Nove”.

Segundo Melo Antunes, um dos principais responsáveis pela sua redacção, este documento era uma expressão de “revolta” contra “o caminho que as coisas estavam a tomar, isto é, o caminho de levar Portugal a tornar-se um país cada vez mais próximo do modelo soviético”. 

O Documento dos Nove foi depois assinado e apoiado por muitos que nem sequer estavam de acordo com o seu conteúdo mas viram nele uma oportunidade de dar uma machadada aos intentos ditatoriais do PCP, acabando por constituir uma plataforma comum para todos os que, insatisfeitos com a crescente hegemonia do PCP e do gonçalvismo, preconizavam uma alteração no rumo tomado pelo processo revolucionário. Deixara de ser tabu dizer que existiam divisões no seio do MFA. Em pleno verão de 1975, a Revolução entrava num dos seus momentos mais quentes.

Cronologia do Documento dos Nove

PREC agosto de 75

Dia 7 de Agosto - Tornado público o ‘Documento dos Nove’

8 de Agosto - Toma posse o V Governo Provisório, presidido por vasco Gonçalves. Teixeira Ribeiro assume as funções de vice-primeiro-ministro; Nacionalização da CUF, Setenave, Sociedade Geral de Transportes.

9 de Agosto - Publicada no ‘Jornal Novo’ carta aberta de Mário Soares a Costa Gomes a exigir a demissão de Vasco Gonçalves.

10 de Agosto - Manifestação em Braga organizada pela Igreja; Assaltadas sedes do PCP em Monção, Porto e Trofa.

11 de Agosto - ‘Grupo dos Nove’ é suspenso do Conselho da Revolução; Assaltadas as sedes do PCP em Viseu, Vila Verde e Tondela; Publicada a Lei da Reforma Agrária de Oliveira Baptista.

13 de Agosto - É publicado o ‘Documento do COPCON’, como resposta ao ‘Documento dos Nove’.

O DOCUMENTO DOS NOVE - “O País encontra-se profundamente abalado e defraudado relativamente às grandes esperanças que viu nascer com o MFA (...) alarga-se dia a dia o fosso aberto entre um grupo social extremamente minoritário, portador de um certo projecto revolucionário, e praticamente o resto do País, que reage violentamente às mudanças que uma certa vanguarda revolucionária pretende impor (...)”

- “(...) Os subscritores deste documento recusam quer o modelo de sociedade socialista tipo europeu oriental, quer o modelo de sociedade social-democrata em vigor em muitos países da Europa Ocidental (...) Lutam por um projecto político de esquerda (...) Recusam a teoria leninista de vanguarda revolucionária que impõe os seus dogmas políticos de forma sectária e violenta (...)”

- (...) Defendemos um modelo de socialismo inseparável da democracia política, construído em pluralismo político (...)”
(correio da manhã 7-8-2005)

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- vídeo do cerco ao Parlamento em 12 Novembro 75, quando Cunhal instigava o caos para chegar à ditadura comunista - nos intervalos de ir a correr à Rússia lá deixava os documentos da História portuguesa: registos da PIDE, etc. e pedir instruções de estratégia ao grande líder.

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