"Entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de novembro de 1975 vão 17 meses onde a dinâmica de golpe de Estado deu lugar ao PREC, processo revolucionário em curso. Temos de compreender esse tempo com a dinâmica internacional da época que vivia uma guerra fria
Os Estado Unidos atolados no Vietname e a viver a crise do Watergate. A União Soviética a querer aumentar a sua influência na África portuguesa com essa joia que seria Angola.
Internamente o país vivia a dinâmica revolucionária que ia permitindo um resvalar para a Esquerda sob a liderança do PCP.
Essa dinâmica ficou clara entre o 28 de setembro e o 11 de março tendo acelerado com as nacionalizações e a reforma agrária. As sucessivas ocupações de empresas e de terras criou um certo receio no Portugal que pretendia a transição para a democracia e o afirmar de um regime parlamentar. Para isso a Assembleia Constituinte, eleita pelo povo, mas condicionada pelo Pacto MFA-Partidos, tentou elaborar uma Constituição que viria a perturbar o sistema político, até 1982, e, até 1989, a economia. Portugal vai atravessar seis governos provisórios e, durante o mês de novembro, o então primeiro-ministro, Pinheiro de Azevedo, vai anunciar um Governo em greve. Nesse mesmo mês, a Assembleia Constituinte será cercada e os deputados humilhados. A envolvente revolucionária corria o risco de partir o país em dois e mergulhar numa guerra civil.
Neste cenário, Álvaro Cunhal anuncia a uma jornalista italiana que nunca seríamos uma democracia parlamentar, enquanto Costa Gomes tudo fazia para assegurar eleições e sabia que a União Soviética não estava interessada em Portugal resolvida a independência de Angola.
Naquele dia 25 de novembro ficou claro, com a intervenção de Melo Antunes, que a democracia parlamentar seria o caminho certo e no qual o PCP iria participar."
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