October 30, 2023

Notícia de dia 17: a companhia dos comboios vai contratar autocarros para levar os passageiros de 'b' para 'a'

 

Temos um governo de balelas sistémicas.


Metro Mondego contrata autocarros para ligar as estações Nova e Velha

A Metro Mondego vai contratar uma prestação de serviços rodoviários alternativos para garantir o transbordo de passageiros entre a estação de comboio Coimbra B, mais conhecida como estação Velha, e a estação Coimbra A, estação Nova. O anúncio de concurso público para a prestação deste serviço saiu em Diário da Repúblicana passada sexta-feira e, ao DIÁRIO AS BEIRAS, fonte da empresa Metro Mondego esclareceu que o serviço de transbordo começará a ser feito “em meados de 2024” até ao final de 2025.

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A incúria no investimento público


A ferrovia constitui domínio em que o Partido Socialista (PS) apostou forte, desde o seu regresso ao poder no final de 2015. Mas a aposta tem resultado num enorme fracasso que, não sendo tão saliente junto do grande público como outros (por exemplo, o fracasso na saúde), tem defraudado não só as expectativas que foram criadas com o lançamento do plano Ferrovia 2020 (em 2016), prejudicando as decisões tomadas pelos demais agentes económicos em Portugal, mas defraudando também o erário público em face dos sucessivos atrasos e derrapagens que diferentes empreitadas têm sofrido

O absurdo é tal que, de acordo com outros relatos recentes da imprensa, há obras do Ferrovia 2020 que apenas estarão concluídas em 2027! Isto apesar de o programa se chamar Ferrovia 2020, e não 2027. Enfim, arguto foi o antecessor de Galamba, quando em 2020 afirmou não poder garantir que no final de 2023 (!) estivesse tudo feito.

A IP, particularmente visada pelo Tribunal de Contas, é apenas um caso entre muitas centenas de empresas públicas, das infraestruturas à saúde, que deveriam ser alvo de um escrutínio muito mais intenso. Como desde há muito afirmo, os órgãos sociais das empresas públicas, em especial membros não executivos e comissões de auditoria, deveriam prestar esclarecimentos ao Parlamento, a viva voz, todos os anos, de forma regular. Pois, como muito bem afirma o Tribunal de Contas no seu documento mais recente (p. 3), “É responsabilidade do Estado (extensiva a todas as entidades públicas) informar devidamente os cidadãos sobre a economia, a eficácia e a eficiência da despesa com o empreendimento de obras públicas (que aqueles financiam como contribuintes), incluindo na informação pública do Portal BASE a mensuração rigorosa da derrapagem de custos e prazos. A prática desta transparência, além de imperativo legal e ético, é, também, instrumento eficaz para defender o interesse público e para medir o acolhimento efetivo do recomendado.” Simples e cristalino. Publique-se. Como deveria ser.

Ricardo Arroja
(excerto)

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