September 25, 2023

Uma ideia bem intencionada mas incorrecta nos termos - 'esqueci-me do filho no carro e ele morreu: vamos lá culpar a escola'




Uma coisa é haver um protocolo estabelecido para as creches e jardins de infância em que alguém tem a tarefa de ligar aos pais se a criança está ausente e ninguém avisou a creche ou jardim de infância dessa ausência, outra muito diferente é legislar no sentido de desresponsabilizar os encarregados da educação da criança e responsabilizar a creche pelos cuidados de parentalidade em falta. Isto não é correcto. É aos encarregados de educação que cabe o cuidado com os filhos até serem entregues às creches, não às próprias creches. 
Isto é muito típico dos pais actuais: são as escolas que têm de responsabilizar-se pelos seus filhos, mesmo quando os filhos estão fora da escola à guarda dos pais e este peticionário, em vez de pensar um protocolo para os próprios pais não se esquecerem dos filhos, passa a responsabilidade para a escola e sugere logo punições. Não acho isto normal, nem sequer compreender que a primeira responsabilidade dos filhos, cabe aos pais. E qual é o argumento dele para punir os estabelecimentos? Poupar o sofrimento aos pais que causam a morte aos filhos involuntariamente... quer dizer, se ele se esquecer do filho no carro e ele morrer, ao menos não tem que lidar com a culpa, pois fica estabelecido por lei que a culpa é da creche... incrível.
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«Desde há muitos anos, dentro e fora de Portugal, surgem casos de cidadãos que, transportando consigo no automóvel um bebé ou filho pequeno para o levar à creche, se esquecem dele no carro, ficando a criança exposta ao risco de desidratação ao longo do dia e acabando muitas vezes por falecer», pode ler-se na petição. 
«Um esquecimento destes poderá acontecer a qualquer um, mas a tragédia pode e deve ser prevenida de forma socialmente solidária, não sendo justo ignorarmos esta questão como se fosse apenas da responsabilidade dos envolvidos», frisa, destacando que solicita à Assembleia da República e ao Governo «que legislem no sentido de os profissionais das creches e jardins de infância terem obrigação de contactar os encarregados de educação aquando da não comparência de qualquer das crianças a seu cargo após 60 minutos da sua hora de entrada habitual, caso tal não tenha sido previamente avisado». 
«Esta iniciativa de comunicação, por telefone ou com recurso a mensagem escrita, só deve ser considerada efetiva mediante a confirmação de a mesma ter sido recebida. 
O não cumprimento desta obrigação poderá acarretar alguma espécie de contra-ordenação para o estabelecimento de ensino ou de penalização para os envolvidos, o que é pouco face ao sofrimento que tal medida pode evitar», evidencia, realçando que «as alterações climáticas, com o consequente aumento da exposição ao calor, não permitem antecipar a redução do problema».


2 comments:

  1. É a inversão do ónus.
    A medida em si é ótima e já deveria ter sido implementada. As consequências são uma imbecilidade.

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    1. Para mim faz mais sentido os pais tratarem da sua responsabilidade em 1º lugar. Por exemplo, porem um dispositivo qualquer nos filhos, como uma pulseira, ligada ao telemóvel de maneira que quando a criança chora o telemóvel apita sem parar e os pais percebem que a criança está sozinha. E só desligam a aplicação quando a entregam nas creches. E assim que as vão buscar ligam-nas outra vez.

      Em nenhuma circunstância a escola/creche pode ser responsabilizada pelo que acontece às crianças enquanto estão à guarda dos pais. Quem tem de cuidar dos filhos são os pais e as creches ligarem é uma amabilidade, uma colaboração e nada mais.

      Gostava de saber quantos pais se dão ao trabalho de avisar as creches que os filhos não vão... devem ser às centenas.

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