Falta de professores. “A minha filha esteve das 8h15 às 14h sem aulas”
Há alunos em escolas de Lisboa que ainda não têm professores a cinco, seis disciplinas. Os pais preocupam-se com “atraso” da pandemia. Directores dizem que é preciso “dignificar a carreira docente”.
No mesmo ano, mas na Escola Secundária Vergílio Ferreira, também em Lisboa, o cenário é semelhante. “Ontem [segunda-feira], a minha filha não teve Matemática porque não há professor. Não teve Educação Física porque também não há professor. Não teve Geografia porque também não há professor. Esteve das 8h15 até às 14h sem aulas”, diz Ana Guedes, mãe desta aluna do 7.º ano.
Esta encarregada de educação faz questão de frisar que “o problema está a montante” das escolas. “Os agrupamentos são o fim da linha, ficam com o problema nas mãos, mas não são eles que o criam. No meu ponto de vista, a falha principal é do Ministério da Educação, do Governo. No ano passado os professores passaram todo o ano a reivindicar melhores condições de trabalho, que não foram atendidas. Neste momento, o que está a acontecer em Lisboa, que é um caso particularmente grave, é que o vencimento da maioria dos professores não lhes permite arrendar um quarto”, nota Carla Galvão.
Entre saídas para aposentações e a dificuldade em captar jovens, a falta de professores, diz, é um fenómeno que tem de “ser atacado”. “É preciso dignificar a carreira docente. É preciso pensar em apoios à deslocação para os professores", aponta. E pensar na sua reivindicação central, a recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias de serviço congelado. Para isso, diz, é essencial que o Governo reabra o processo negocial. “Acho que se isso acontecesse, os sindicatos ficariam mais calmos, porque os professores perceberiam que estavam a tratar a sua vida com justiça. Neste momento, não se vê uma luz ao fundo do túnel. Isso não é bom para as escolas, porque não traz paz, nem traz estabilidade”, diz.
(Excertos)
No comments:
Post a Comment