[...] o pensamento é "por natureza, uma actividade sem resultados": em vez de chegar a uma conclusão, o pensamento flutua incansavelmente de uma investigação para outra, como um pássaro que não quer assentar num poleiro. Em segundo lugar, defende que o pensamento é um diálogo entre interlocutores internos. Mesmo a contemplação privada tem, portanto, uma forma social, um facto que os diálogos platónicos dramatizam. Arendt admira Sócrates porque ele tornou público "o processo de pensar", que ela descreve como "aquele diálogo que se desenrola silenciosamente dentro de mim, entre mim e mim próprio" sempre que alguém está a pensar.
Hanna Arendt em 1971, acerca do pensamento, nas conferências publicadas na Social Research, citada por
Por um lado, o seu "sonho" é que um dia triunfe sobre os dois oponentes e assuma o papel de árbitro; por outro lado, reconhece que só o poderia fazer durante "uma noite mais escura do que qualquer outra noite já houve", durante uma espécie de desastre.
A moral é que, por muito que ansiemos pela quietude mental, não pode haver árbitros, porque o verdadeiro pensamento exige um diálogo interno entre iguais: se um antagonista for mais forte do que outro ou se um interlocutor tiver o poder de decretar uma resolução para o debate, a conversa que constitui o pensamento desaparece. O pensamento requer, portanto, algo como uma democracia interna, e não as aristocracias da mente imaginadas por Frankfurt.
Becca Rothfeld, In the Shallows -Why do public intellectuals condescend to their readers?, yalereview.org(excerto)
No comments:
Post a Comment