Quando a pobreza é motivo de orgulho
Mário Queirós
CADA VEZ MAIS TRABALHADORES ACIMA DO SALÁRIO MÍNIMO
Esta é a mensagem que a “República Portuguesa” do Twitter transmitiu recentemente. Segundo a informação divulgada, em 2016, 21% dos trabalhadores recebiam o salário mínimo, e a meio de 2023 esse valor tinha baixado para 20,8%.
Como??? Baixou de 21,0% para 20,8%? E isto é motivo de orgulho?
Sim, parece que sim. Pois, de facto, em seis anos e meio, a situação não piorou. Apesar de estarmos a comparar com dados provisórios - mas para a “República Portuguesa” do Twitter, isso é... o menos importante!
E porque comparamos com 2016?
A resposta é fácil: porque se comparássemos com anos anteriores, já iríamos chegar à conclusão de que estamos muito pior agora. Por exemplo, a crise da bolha imobiliária atingiu a economia no ano de 2008, e nesta altura tínhamos 7,4% das pessoas a ganhar o salário mínimo – todas as outras ganhavam mais. Em 2011, após o corte de 5% dos salários da função pública por parte do PS, tínhamos apenas 11,3% das pessoas a ganhar o salário mínimo. E se recuarmos ao início desse século, o valor era de 4%.
Olhando para este gráfico, parece-lhe que a quantidade de pessoas a receber o SMN tem vindo a diminuir? Parece-lhe que a “República Portuguesa” do Twitter está a trazer-lhe informação de uma forma honesta? Ou estará apenas a fazer propaganda do governo PS?
Experimente agora abrir a ligação para a publicação no Twitter e observe o gráfico publicado, parcialmente reproduzido aqui.
Nesse gráfico podemos ver a evolução do SMN entre 2016 e 2023. Parece-lhe que esta é uma forma séria de apresentar dados? Como é que 760 é quatro vezes 530? Não lhe parece que também aqui está a haver uma tentativa de manipulação da forma como as pessoas leem a “notícia”?
Mas a ilusão não fica por aqui. Se formos comparar a evolução real do SMN, temos de descontar a inflação. Admitindo como verdade que a inflação deste ano será de 5,5% (segundo informação do Banco de Portugal), em 2023 o SMN é de 588 euros (a preços de 2016).
Um gráfico construído de forma honesta, deveria ser este segundo aqui apresentado (acima), em que podemos comparar a evolução real do salário mínimo: ganhar 760 euros hoje é o mesmo que ganhar 588 em 2016.
Quando começamos a ler uma publicação da “República Portuguesa”, julgamos estar a ler uma informação isenta e imparcial. Como pudemos ver, num pequeno tweet da “República Portuguesa” com apenas 30 palavras, podemos assinalar várias tentativas de manipulação da opinião dos portugueses com dados verdadeiros.
Aqui chegados, de certeza que já estamos a colocar a questão: porque é que a “República Portuguesa” do Twitter não utiliza honestidade na divulgação dos dados estatísticos?
Sempre que vir uma publicação da “República Portuguesa” do Twitter, fique atento, pois o mais certo é que esteja a ser alvo de propaganda do Partido Socialista.
Mário Queirós, dirigente da Iniciativa Liberal e professor do Ensino Superior
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