Uma questão de prioridades
Margarida Balseiro Lopes
Esta semana, numa visita a uma escola em Lisboa, foram vários os alunos que encontrei à porta do estabelecimento de ensino, quando já decorria - em teoria - o período de aulas. Em segundos rapidamente foi clara a razão de estarem ali: não tinham professor. Um das turmas não tinha, aliás, sete professores apesar de estarmos quase a terminar o mês de setembro.
Outras alunas lamentavam o facto de, nos últimos dois anos, não terem tido professor de Português. A ausência foi sendo colmatada com soluções temporárias, o que nem por sombras diminui a ansiedade de quem vai realizar exame nacional de Português nestas circunstâncias. Pelo meio comentavam que o que lhes valia eram as explicações privadas que os seus pais conseguiram pagar e que ajudaram a mitigar as lacunas naturais de quem vai tendo professores tardiamente ou de forma intermitente.
Nestas histórias, que ilustram o estado a que chegou a escola pública em Portugal, temos o resultado das opções políticas tomadas nos últimos anos. Apesar de se saber que a falta de professores é um problema que se ia agudizar, nada foi feito para valorizar os docentes, nem para tornar a carreira mais atrativa para que haja quem escolha esta profissão. É ultrajante que os profissionais que ajudam a formar todos os demais de uma sociedade sejam tão pouco valorizados e tenham visto a sua autoridade e função social a degradarem-se com a conivência e a complacência do poder político.
O que assistimos nos últimos anos acabou por afetar a imagem da escola pública, onde fiz todo o meu percurso escolar. É, também por isso, com inquietação que assisto a esta segregação que divide os alunos entre quem pode recorrer a ajudas extraescola e quem não pode e fica assim para trás. Esta realidade em que nos encontramos é a negação da igualdade de oportunidades que devia ser promovida pela escola e pela educação.
A pandemia agravou esta situação e o Governo não quer saber. O plano de recuperação de aprendizagens acabou de ser prolongado, mas o Ministério da Educação cortou no reforço de horas que permitia que os professores apoiassem os alunos com mais dificuldades. Esta opção política surge quando ainda esta semana foi divulgado no âmbito de uma conferência parlamentar, por Alexandre Homem Cristo, que dois terços dos alunos do 2.o ano tinham dificuldades na leitura. E o Governo opta por cortar nos apoios mais importantes à recuperação porque não há fundos europeus para os custear. São opções. E infelizmente a escola e a educação não são uma prioridade para este Governo.
O que assistimos nos últimos anos acabou por afetar a imagem da escola pública, onde fiz todo o meu percurso escolar. É, também por isso, com inquietação que assisto a esta segregação que divide os alunos entre quem pode recorrer a ajudas extraescola e quem não pode e fica assim para trás. Esta realidade em que nos encontramos é a negação da igualdade de oportunidades que devia ser promovida pela escola e pela educação.
A pandemia agravou esta situação e o Governo não quer saber. O plano de recuperação de aprendizagens acabou de ser prolongado, mas o Ministério da Educação cortou no reforço de horas que permitia que os professores apoiassem os alunos com mais dificuldades. Esta opção política surge quando ainda esta semana foi divulgado no âmbito de uma conferência parlamentar, por Alexandre Homem Cristo, que dois terços dos alunos do 2.o ano tinham dificuldades na leitura. E o Governo opta por cortar nos apoios mais importantes à recuperação porque não há fundos europeus para os custear. São opções. E infelizmente a escola e a educação não são uma prioridade para este Governo.
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