Várias razões poderão explicar estas disparidades, em que alunos com exatamente as mesmas condições socioeconómicas desfavoráveis atingem o 9.º ano sem retenções nuns municípios e atingem o 9.º ano com retenções, noutros municípios. A causa desta explicação está associada às características dos municípios e das escolas, e não dos indivíduos, que partem da mesma situação, a desvantagem socioeconómica. Resultados explicam que segregações de alunos de diferentes condições socioeconómicas manifestam-se em piores resultados escolares. Importa também aferir sobre a qualidade das escolas e da educação, em cada um dos municípios, como, por exemplo, a disponibilidade de professores e o acompanhamento dos alunos.
Além disso, as características dos municípios são também responsáveis por explicar estas disparidades e os salários recebidos pelos indivíduos. O mesmo relatório verifica que municípios com um setor secundário mais ativo, com maior empregabilidade da população jovem e estabilidade nas estruturas familiares são aqueles em que alunos com condições socioeconómicas mais baixas apresentam melhores resultados. Uma análise equivalente poderá manifestar-se nas diferenças salariais dos jovens, em que municípios fortemente industrializados e com setores de atividade de alto valor acrescentado manifestam acréscimos salariais, face a municípios que não apresentam estas características.
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A questão é que não têm as mesmas condições, apesar das famílias poderem ter o mesmo nível financeiro.
É como estranhar que peixes ou corais idênticos ou da mesma espécie não tenham desenvolvimentos diferentes consoante a vitalidade, qualidade ou poluição da água em que respiram e se desenvolvem.
Essa diferenciação vê-se até ao nível intra-local. Todos os professores sabem que o mesmo aluno tem um desempenho diferente, consoante a turma em que o incluem. Um aluno de fraco desempenho, quando incluído numa turma bastante boa, dinâmica, trabalhadora, com um nível cultural superior, sobe muito o seu nível de desempenho; da mesma maneira, um bom aluno incluído numa turma de fraco desempenho, com o tempo adapta-se negativamente ao contexto em que está.
Isso acontece aos alunos e aos professores. Professores que estão em escolas estagnadas que vivem num regime marasmático de manutenção de privilégios, sem renovação de ideias, desincentivando a discussão, a pluralidade e a inovação, acabam por se adaptar a essa mediocridade e já nem dar por ela.
Então, alunos que vivem em municípios ricos, não só em dinheiro, mas culturalmente ricos e dinâmicos estão habituados a responder a certos níveis de qualidade para os quais se adaptaram.
Os próprios países como um todo mostram essas disparidades. Um português e um europeu da Europa Central têm desempenhos muito diferentes, resultado da vitalidade e qualidade da água que respiram no dia-a-dia, isto é, do nível cultural/político que respiram diariamente.
O que é o conceito de «adaptação» do evolucionismo darwiniano senão isto?
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