Dois economistas criticam, em estudo publicado pelo Observatório sobre Crises e Alternativas, políticas seguidas pelos bancos centrais e governos para responder à inflação.
Sérgio Aníbal
Uma das principais ideias defendidas pelos autores é a de que é infundado o receio – assumido por bancos centrais e governos – de que se possa criar, com aumentos salariais que respondam à inflação, uma espiral de salários e preços. No estudo, que critica as perspectivas da economia neoclássica predominantes na definição das políticas à escala mundial, é feita uma simulação sobre o que aconteceria num cenário em que, em resposta a um choque temporário nos custos com a energia e as matérias-primas, a subida de salários fosse idêntica à inflação, permitindo assim a preservação do seu valor em termos reais. A conclusão é a de que, mesmo com as empresas a manterem os seus lucros, a inflação acabaria por diminuir progressivamente.
Por um lado, os autores defendem que “os valores actuais [da inflação] ainda se encontram bastante longe daqueles a partir dos quais a evolução dos preços se tornaria um obstáculo ao crescimento”, concluindo por isso: “o problema com que nos deparamos não é a inflação em si, mas sim a crise do custo de vida que resulta da compressão dos salários reais”.
Por outro lado, afirmam, “a subida das taxas de juro por parte dos bancos centrais é uma estratégia pouco eficaz do ponto de vista macroeconómico, visto que a inflação é um fenómeno resultante da subida dos preços em alguns sectores sistemicamente significativos – como o da energia e o dos bens alimentares –, sobre os quais a política monetária dificilmente produzirá efeitos”.
E, por fim, sinalizam que estratégia seguida pelos bancos centrais é também “injusta do ponto de vista social”, já que acaba por ter efeitos negativos sobre a actividade económica e o emprego.
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