Há quem sonhe mudar o Mundo movido pela fé, pela ciência, pela política. São formas diferentes de esperança. O problema é quando o desencanto paralisa. Em tanta avaliação negativa a quem nos governa e aos serviços públicos (outra forma crucial de medir a vitalidade do Estado), sobra o risco de nos deixarmos vencer pelo cansaço, mais do que ir à procura de soluções. Ao Governo deve exigir-se, na próxima sessão legislativa, mais ambição e propostas para nos aproximar dos parceiros europeus. De cada cidadão espera-se exigência e participação. A crítica sem ação não muda o Mundo.
Inês Cardoso in JN, "Criticar o Mundo ou agir sobre ele"
Inês Cardoso in JN, "Criticar o Mundo ou agir sobre ele"
Diga lá, sff, onde é que no país é possível levar a cabo acções sociais e políticas fora dos partidos políticos, logo, não manipuladas? Até mesmo as iniciativas de discussão parlamentar têm aumentado o número exigido de assinantes para criar obstáculos à participação dos cidadãos na vida política. Quando os jovens desenvolvem acções sociais e políticas são criticados pelos deputados - ainda ontem, neste mesmo jornal, uma estudante da FAP se queixava de na AR um deputado ter tentado deitar abaixo a iniciativa de terem arranjado 40 camas para estudantes universitários a preços acessíveis. Lá está, alguém faz qualquer coisa fora da tutela interesseira dos partidos políticos e é logo castigada.
De onde e como é que esta jornalista conclui que o que se passa é os jovens não estarem interessados em agir? De lado nenhum? Conclui o que lhe convém?
E depois conclui que o governo deve ter mais propostas e os cidadãos é que devem agir... é extraordinário.
Em primeiro lugar, como sabemos, não há falta de propostas na AR mas o governo chumba tudo o que não é do PS e/ou não lhe convém no âmbito da manutenção indefinida do poder.
Em segundo lugar é ao governo e outros políticos em lugares-chave executivos que cabe a acção. É para isso que são eleitos: para agir. Aliás, candidatam-se aos cargos com promessas de irem agir e de saber como fazê-lo. Nós cidadãos temos um raio de acção muito limitada e mesmo esse é constantemente cerceado pelo governo. Veja-se como tenta destruir sindicatos, classes profissionais inteiras, persegue vozes discordantes, recorre a tudo quanto é esquema para impedir protestos ou desvaloriza-os ao ponto de fingir que não existem, etc.
Finalmente, criticar não é dizer mal como esta jornalista assume. Criticar é analisar e evidenciar as falhas porque onde não se descobrem os erros, não há possibilidade de emenda. Logo, de melhoria. Ora, dado que o governo tem uma total ausência de auto-crítica e de ligação com a realidade empobrecida do país e se apresenta como um caso de grande sucesso, é preciso que os cidadãos (dado que os partidos da Oposição não o fazem com um mínimo de eficácia), em primeiro lugar, mantenham essa capacidade crítica e de escrutínio da não-acção ou má-acção governativas.
Agora, dizer que é a nós cidadãos que cabe a acção e ao governo apresentar propostas é o cúmulo da vesguice.
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