June 27, 2023

Cada cavadela, uma minhoca




José Luís Carneiro preparou saída "dourada" para o controverso diretor nacional da PSP

Valentina Marcelino

O diretor nacional da PSP, Manuel Magina da Silva, será o próximo oficial de ligação do ministério da Administração Interna (MAI) em Paris (França). Estes postos de oficial de ligação são os mais concorridos pelos oficiais da PSP e GNR pelo elevado salário que auferem, cerca de 12 mil euros.

O superintendente-chefe, escolhido por Eduardo Cabrita em 2020, sucede ao anterior diretor nacional, Luís Farinha que terminou a sua comissão de serviço em fevereiro deste ano. No entanto, o ministro José Luís Carneiro, prorrogou-a até 31 de agosto próximo.

A justificação, publicada em Diário da República, foi que "a fim de permitir a continuidade do trabalho de proximidade junto da RESOPOLIS - Rede de Oficiais de Ligação em França, possibilitando a conclusão de ações em curso, designadamente de atividades em matéria de cooperação técnico policial, com especial enfoque na partilha de informações, torna-se indispensável prorrogar a acima referida função do superintendente-chefe Luís Manuel Peça Farinha" .

A verdadeira razão será, no entanto, manter o lugar ocupado a tempo de Magina da Silva o poder preencher. O diretor nacional da PSP viu também renovada a sua comissão de serviço, que devia ter terminado no final de janeiro passado, com a Jornada Mundial da Juventude a ser apresentada como justificação oficial da tutela para a sua manutenção

"O diretor nacional isolou-se no alto do seu poder, deixou de ouvir e aceitar opiniões diferentes da sua e não percebeu o quanto a sua liderança está a arruinar a PSP. Entrou em autismo total. O seu Estado-Maior não funciona, não se falam entre eles. Quebrou totalmente a coesão do efetivo, não só entre oficiais e bases, como entre os próprios oficiais. Ninguém abre a boca nas reuniões de comandos porque não vale a pena. Impõe os seus pontos de vista e rapidamente diz "ponto final!" e isso quer dizer que nem vale a pena contrapor. Temos um barril e pólvora na PSP e está de tal forma que ninguém sabe quanto mais de aguenta. Se nada acontecer em breve, há o risco de debandada de muitos oficiais para a pré-aposentação. Estes três anos revelaram um claro erro de casting", desabafava um superintendente.

Os oficiais olhavam para o novo ministro José Luís Carneiro, que tinha herdado a situação de Eduardo Cabrita, como a derradeira esperança para a sua substituição e dar um novo fôlego a esta força de segurança crucial na proteção de todos e de onde transpirava tanta desilusão e descontentamento.

Mas o governante optou por manter e até prorrogar o mandato do diretor nacional, não sendo poupado, ainda assim, a novas situações incómodas. A última caso até teve a ver com a JMJ, quando Magina da Silva anunciou que estava em cima da mesa o encerramento do eixo norte-sul para estacionar as camionetas de peregrinos, tendo sido desmentido de seguida pela organização.

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