Criar riqueza e concentrá-la nos percentis mais altos dos titulares de rendimentos, enquanto o resto da população empobrece, prejudica a democracia. A experiência comparada mostra-nos que os poderes públicos não têm de se limitar a uma atitude de resignação. Seja pela via fiscal, ou pela via da transparência remuneratória, há caminhos democráticos possíveis
“Níveis excessivos de desigualdades salariais criam situações de injustiça relativa entre os cidadãos e são negativos para a coesão social, estando muitas vezes associados à emergência de movimentos populistas, para além de afetarem a sustentabilidade da nossa economia, comprometendo os níveis de consumo privado e reduzindo o dinamismo do mercado.”
Este parágrafo é retirado do programa do Governo e ganhou pertinência redobrada com os dados revelados por uma análise feita pelo Expresso que revelou que, nos últimos dez anos, o vencimento médio bruto anual dos trabalhadores recuou 0,7%. No entanto, os presidentes executivos das empresas cotadas no Índice PSI viram as suas remunerações aumentar 47%, num pay gap excessivo que o programa governamental, suportado em ampla e boa evidência, associa à erosão democrática.
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