April 16, 2023

Passeios pedagógicos

 


Hoje fui com a minha irmã fazer um percurso pedestre em Lisboa: a Lisboa moura. Fomos com uma guia excelente -a Inês. Uma arquitecta que pertence a esta agência de experiências que organiza passeios e caminhadas pelo país e não só, porque ela disse que também fazem o caminho de Santiago de Compostela, por exemplo. Enfim, andei por Alfama como nunca tinha andado, porque em geral vamos a Alfama, ou para ir a algum restaurante ou para ouvir fado, ou aos Santos populares ou para ir a um museu qualquer e passamos pelas ruas sem reparar bem nelas e sem saber porque é que há li um beco ou um cotovelo ou o que havia ali antes daquele prédio, por exemplo. Andámos a seguir as torres e a muralha árabe da cidade. Nunca tinha reparado nos mata-cães, por exemplo. Começamos no Terreiro do Paço, na porta do Mar e acabámos lá em cima no Castelo. A guia conhecia a história militar e de organização civil da cidade e estava a par da história arquitectónica e arqueológica de Lisboa. Como se isso não bastasse, ainda tinha a virtude de ser muito interessante a falar e saber umas histórias ligadas a sítios por onde passámos. Ela conta a história da cidade a começar pelas invasões dos fenícios, depois dos visigodos, dos vândalos, dos cartagineses, dos romanos até chegar aos árabes e ao cerco de Lisboa e à reconquista e contextualiza os locais por onde passamos nessa história. Muito bom. Deu-nos umas dicas de sítios onde se pode ver Lisboa às camadas: várias culturas expostas em casas, estruturas, lápides, etc. que se de vez em quando se desenterram no decurso de um obra qualquer. Uma delas, por exemplo, dentro de um hotel, o Aurea Museum, que pode visitar-se sem marcação e sem pagar. Essa há-de ser uma próxima visita. Vai-se lá ao hotel ver as escavações e depois aproveita-se e almoça-se lá. Três horas de passeio pedagógico a começar pela manhã, por causa do calor, com descanso de 15 minutos -onde tirei esta fotografia a um escaparate com postais antigos. Um passeio pedagógico com uma guia excelente - 15 euros. Valeu muito a pena. Distribuem-nos uns aparelhos receptores com phones onde podemos ir a ouvi-la sem termos que ir todos em cima dela, o que foi óptimo, porque ainda éramos uns 30 e a subir o beco do Maldonado e a encosta do Castelo (que faz lembrar o Quebra Costa de Coimbra) ia a 5 km à hora no fim do grupo porque o meu pulmão fica logo aflito com esses esforços de subidas. Muito bom. Depois acabou perto da 13h e fomos almoçar a um sítio com óptima vista sobre Lisboa. Uma manhã e parte da tarde de domingo muito bem passada. Fiquei com vontade de ir ler o Amin Malouf. A Inês também faz o percurso da Lisboa judia e da Lisboa dos mitos e lendas. Está na calha. 




2 comments:

  1. Não será uma vontade ler Amin Malouf, Alan Malouf é outra coisa. Estou enganada?

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