Isto é tudo verdade, faltando aqui apenas um factor importante do problema: pessoal, tanto auxiliar, como de psicologia. Os problemas de bullying não se passam dentro da sala de aula e os professores não estão com os alunos nos intervalos (até porque, como se sabe, Crato tirou-nos o direito a intervalos enquanto pausas no trabalho e nos intervalos não estamos ao serviço da escola) nem nas redes sociais para onde esses problemas se projectam, de maneira que a formação de professores não adianta muito. O que adiantava era a escola ter funcionários e psicólogos em número minimamente suficiente, mas como é sabido, do ponto de vista do ME, do ministro das finanças e do primeiro-ministro, as escolas não são instituições de educação mas de poupança de custos.
Bullying 3.0
António José Gouveia
A violência nas escolas está a atingir proporções alarmantes, sendo que muito do bullying não chega sequer ao conhecimento dos professores, pais ou autoridades. Só aqueles em que o maltratado necessita de tratamento hospitalar. Como foram os dois casos mais recentes de um rapaz de 14 anos de ascendência brasileira em Grândola ou de uma aluna em Cascais que foi violentamente agredida com direito a vídeo nas redes sociais. Há evidências claras de que as escolas estão sobrecarregadas, o que leva a um mal-estar constante e se traduz num aumento de casos de bullying, automutilação e até tentativas de suicídio. A verdade é que sempre houve casos de bullying, mas a situação agravou-se após a pandemia. E a grande diferença é que os seus efeitos agora são mais intensos e nocivos porque se estendem para além da sala de aula e do pátio da escola. Uma espécie de bullying 3.0, com as redes sociais a transformarem o fenómeno numa forma de opressão sem horário e que persegue a vítima dia e noite. Hoje existe uma maior sensibilidade social para o problema, mas também há uma maior vulnerabilidade dos adolescentes para este tipo de violência.
Parece evidente que lutar contra o bullying requer uma intervenção junto dos agressores com algo mais do que medidas disciplinares. É preciso identificar as causas desse desconforto e atuar de forma decidida sobre quem distorce as regras básicas da convivência. Mas também é preciso agir sobre o terceiro elemento do assédio, as testemunhas, entre as quais frequentemente opera uma espécie de lei do silêncio por medo de se tornar uma nova vítima. Assim, mais do que o envolvimento dos professores e dos pais, é necessário criar um clima de rejeição frontal a estas práticas.O fenómeno está a atingir proporções que exigem mais do que protocolos e diretrizes de ação. Há que exigir formação específica dos professores face à complexidade de situações, um reforço dos serviços de saúde mental para que deem uma resposta rápida às solicitações de intervenção. Uma tarefa nada fácil, mas possível.
Parece evidente que lutar contra o bullying requer uma intervenção junto dos agressores com algo mais do que medidas disciplinares. É preciso identificar as causas desse desconforto e atuar de forma decidida sobre quem distorce as regras básicas da convivência. Mas também é preciso agir sobre o terceiro elemento do assédio, as testemunhas, entre as quais frequentemente opera uma espécie de lei do silêncio por medo de se tornar uma nova vítima. Assim, mais do que o envolvimento dos professores e dos pais, é necessário criar um clima de rejeição frontal a estas práticas.O fenómeno está a atingir proporções que exigem mais do que protocolos e diretrizes de ação. Há que exigir formação específica dos professores face à complexidade de situações, um reforço dos serviços de saúde mental para que deem uma resposta rápida às solicitações de intervenção. Uma tarefa nada fácil, mas possível.
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