February 15, 2023

É lamentável a desunião entre os que representam os professores

 


Filipe do Paulo, Presidente da PRÓ-ORDEM, um sindicato de professores, escreve uma resposta à acusação de que, no dia da manif que juntou mais de 150 mil professores, os organizadores foram embora do Terreiro do Paço antes de chegarem todos os professores.


Embora a explicação faça muito sentido -esperarem horas e haver pessoas que precisavam regressar a casa- não convence muito, pois os que foram deixados a falar sozinhos também esperaram horas para poderem chegar ao Terreiro do Paço, muitos vinham de muito longe (Bragança e etc.) e também se levantaram às 3 da manhã para estar em Lisboa à hora marcada. 
De maneira que, mesmo deixando que as pessoas de longe fossem embora do Terreiro do Paço (muitos milhares seriam de Lx e arredores e teriam ficado se tivessem percebido o que se passava), "os 9 presidentes das entidades promotoras" podiam ter tido a delicadeza e solidariedade de esperar por quem esteve parado horas no Marquês, até poder começar a andar. Ou tinham todos que ir a correr para casa?

No entanto, o que me parece mais lamentável neste comunicado é o último parágrafo, completamente verrinoso, onde se diz que a manif foi a maior desde o 1º de Maio de 74 e que ATÉ participaram o André do MAS e o Gabriel do Chega, assim como que a dizer que organizaram uma manif tão inclusiva que até deixaram a extrema esquerda e a extrema direita participar. Absolutamente lamentável...

De todas as vezes que nós professores nos unimos foram os sindicatos que intencionalmente nos desuniram, pondo uns contra os outros. Assinaram e promoveram o diploma dos titulares, o diploma dos travões nos escalões, sempre nas costas dos professores com prejuízo imenso para a profissão. Assinam tudo de cruz para nos desunir. 

Agora que um sindicato nos uniu, estão outra vez a ver se nos desunem, não sei se por 30 moedas. 
Mas o Filipe do Paulo, à semelhança dos governantes e outros ignorantes, pensa que não sabemos que o André Pestana é um homem da esquerda e até já foi mais à esquerda do que é? Pensa que não sabemos que Garcia Pereira é ou foi do MRPP-PCTP? Pensa que os 140 mi professores que se têm unido em torno do S.TO.P. estão todos instrumentalizados e cegos? Pensa seriamente que foi por causa de si e dos outros 9 promotores desta manifestação que apareceram lá todos os professores e que é por causa de si e dos outros 9 promotores que as escolas da Grande Lisboa (onde está a população quase toda do país) têm estado encerradas ou a meio gás? E pensa que foi causa de si e dos outros 9 promotores, porquê? Devido aos vossos sucessos do passado quando assinaram todos os memorandos que nos trouxeram a este estado calamitoso? 

Talvez fosse hora de pensar que, se 140 mil professores se unem atrás de um sindicato e transferem confiança para a pessoa que de momento o lidera, é porque vêem diferença no discurso e na ação dessa pessoa por comparação aos que os "9 promotores" têm feito. 

É lamentável a desunião entre os que representam os professores. Em vez de aproveitarem a energia nova que este novo sindicato trouxe à luta dos professores por uma carreira digna e uma escola pública de qualidade, espalham veneno e desunião. 

O medo de se tornarem irrelevantes é maior do que a defesa da profissão e de quem trabalha nas escolas?
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Sobre a alegação de que se “fechou” o Terreiro do Paço



Na sequência de um post publicado ontem aqui e que só hoje vi, alegando que no final da Manifestação deste sábado não se esperou no Terreiro do Paço por todos os colegas que nela vinham, gostaria de dar o meu testemunho factual. 

Nos cartazes convocadores da Manifestação sempre constou as 15h para o seu início. Foi em função dessa hora que se organizaram os autocarros, mas há sempre alguns que param para almoçar ou por qualquer outra razão podem chegar com algum atraso (...)
Não tomei nota da hora exata em que a marcha arrancou, mas nós, os 9 presidentes das entidades promotoras, às 15h já estávamos a agarrar na faixa que abriu o desfile (...) 

(...) esperámos VÁRIAS HORAS (até voltámos a chamar ao palco um grupo musical de uma escola de T. Vedras) pela chegada dos muitos milhares de colegas que ainda se encontravam em marcha.

Entretanto, ANOITECEU e quando começou a chuva (que depois parou), nós que estávamos no palco a adiar as 9 intervenções (...)

Foi só após toda esta factualidade que a PRÓ-ORDEM usou da palavra aos microfones, bem como, os presidentes das restantes organizações sindicais promotoras desta iniciativa (...)

O “problema” é que uma manifestação com cerca de 150 mil pessoas leva largas horas a chegar ao local da concentração e quando chegam os últimos os primeiros já se cansaram de esperar, querem ouvir rapidamente os discursos dos organizadores e regressarem a suas casas: nestas circunstâncias, não há uma solução óptima…

Todavia, o mais importante é que foi a maior manifestação desde o primeiro 1º de Maio de 1974, participaram nela, por exemplo, os colegas André (do STOP e do MAS), os colegas Gabriel Mithá Ribeiro (Deputado do Chega) e TODOS os que nela quiseram participar. 

Filipe do Paulo, Presidente da PRÓ-ORDEM

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