January 21, 2023

Entretanto no jornal do irmão do primeiro-ministro

 


Um artigo de João Vieira Pereira diz que o problema é sempre o mesmo: os lóbis e o corporativismo dos professores que querem privilégios - pois... temos uma profissão tão privilegiada que é por isso que ninguém a quer...

E diz também que não vale a pena pagar decentemente aos professores porque nada garante que um profissional trabalhe melhor por ganhar melhor (!) - exacto... quem é que quer ver valorizado o seu trabalho...?

E diz que os corporativistas dos professores, que andam enganados por sindicatos duvidosos, deviam discutir os alunos, a recuperação de alunos, o ensino, etc. mas que só falam em carreiras - pois este senhor mostra bem a sua ignorância porque não sabe que entre nós professores do que mais falamos é disso mesmo a toda a hora e até nos intervalos (esse tempo de pequena pausa entre aulas que Crato nos tirou e disse que passava ser considerado não-laboral): falamos sobre o progresso de alunos, questões de disciplina, problemas de alunos individuais, contactos que tivemos com os pais, compara-se metodologias e o que resultou e não resultou, compara-se aplicações digitais para saber as melhores para certos temas, vemos em que ponto da matéria vamos e o que está a resultar ou as dificuldades comuns aos alunos, combinamos trabalhos comuns se estamos a dar matérias que se tocam, fala-se de possíveis visitas de estudo ou aulas no exterior, recebe-se telefonemas de pais, trocam-se impressões sobre a qualidade dos manual em uso, trocamos impressões sobre formações que fizemos em temas da disciplina, colegas mais novos vêm ter connosco e perguntam e pedem ajuda para as reuniões de pais ou para certos problemas com alunos, etc. É claro que numa altura como a que estamos, também falamos muito da greve, do ME, da carreira e isso. Mas normalmente, do que falamos é do ensino e dos alunos. Quem não fala disso é o governo porque a única coisa que lhe interessa é: como poupar dinheiro e controlar a educação através do controlo dos professores. E sempre que faz reformas, é completamente à margem dos professores que são quem trabalha todos os dias com os alunos.

Se houvesse uma ordem dos professores, coisa que os governos nunca deixaram acontecer, estas questões eram aí discutidas, mas não há. Não é aos sindicatos que cabe discutir esses assuntos, porque os sindicatos existem para defender os interesses dos sindicalizados e em geral dos profissionais do sector. Cabe ao governo defender o interesse dos alunos, mas não o faz. Defende os seus interesses partidários e ideologias e tenta instrumentalizar os professores para esse fim.



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