December 12, 2022

Greve de professores

 


Estou totalmente de acordo com os motivos e a justeza desta greve, mas não com o tempo e o modo. Penso que a acção de luta devia ser em outras frentes. Na justiça, na recusa em fazer trabalho não lectivo. Já o disse, não me parece que esta greve tenha utilidade ou eficácia e penso que só irá prejudicar os professores. As pessoas em geral não percebem nada dos problemas da educação e culpam os professores por todos os males, na senda da propaganda que os governos fazem contra nós, de maneira que a greve só vai engrossar a já gorda demagogia deste ME e do primeiro-ministro sobre os professores. A não eficácia da greve deve-se, porém, em grande parte, à oposição declarada dos maiores sindicatos de professores, desde logo a FENPROF, que calculo esteja a perder muitos sócios: os professores mais velhos que todos os anos se reformam aos milhares e os mais novos que preferem alguém como o S.T.O.P. que pelo menos faz qualquer coisa. Sim, porque Nogueira critica a falta de soluções deste sindicato que existe há 4 ou 5 anos, como se ele mesmo, Nogueira, há 30 anos ou mais à frente do sindicato, tivesse alguma vez apresentado ou conseguido solucionar problemas aos professores. Nada, zero. Face às políticas cancerígenas deste ministro pensadas para a educação, a solução que oferece é fazer uma manifestação no dia dos namorados ou quando o homem chegar a Marte. Uma vergonha. Não é só à Lurdes Rodrigues, ao Crato e a este ministro que lá está que devemos a decadência da educação pública no país: é também à cumplicidade dos sindicatos. Quem de nós mais velhos não se lembra como 120 mil professores se juntaram atrás de Nogueira, em 2008, para lhe dar força para negociar e o modo como ele deitou para o lixo esse esforço e nos vendeu à Lurdes Rodrigues? De maneira que, se ele tivesse vergonha na cara estava calado e se fosse alguém que se preocupa com os professores e não com o seu poder, apoiava os que estão a lutar, bem ou mal, pela educação em vez de vir para os jornais queixar-se e fazer-se de vítima.

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"Neste complexo quadro, foi anunciada uma greve que os professores não conseguem fazer, por não poderem prescindir do seu salário por tempo indeterminado, mas bastou ouvir alguns dos seus promotores ou dinamizadores para perceber o seu verdadeiro objetivo e alvo. Não pela forma como (e por quem) está a ser promovida, mas pelo que é dito em reuniões em que não é apresentada uma única proposta com soluções para os problemas. Afirmações que advêm ou são complementadas nas redes sociais, em blogues, mails ou mensagens de WhatsApp, com o recurso a contactos pessoais não autorizados pelos próprios, com divulgação pública desses mesmos contactos."

- Mário Nogueira, dirigente da FENPROF, no Púbico

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