September 22, 2022

Como transformar as escolas em partidos políticos parecidos com o PS



Sobre a estimativa da falta de mais de 34 mil professores nos próximos dez anos, e que também atinge o arquipélago, Pedro Freitas recordou que "a carreira de início de professor é mal paga, com uma evolução muito lenta" e comporta pessoas formadas em muitas áreas e que têm carreiras mais promissoras no privado. O que explicará a "queda a pique de diplomados" na área da Educação.

... não há conhecimento sobre o modo como está a ser aplicado o Plano de Recuperação, de 900 milhões de euros.

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Dar aos directores o poder de escolher quem vai poder ficar efectivo e quem vai andar eternamente de bolandas a correr o país sem nunca entrar na carreira.

Se esta ideia vencer, em breve nas escolas só há professores da cor do director e, entre eles, vamos encontrar um pequeno espelho do governo -mulher, marido, filho, primo, amigo do amigo, etc.- ou, se quisermos, da endogamia que atrofia as nossas universidades mas, pior, porque uma escola é um universo muito pequeno e paroquial.
Já agora é possível os diretores enxotarem da escola os professores contratados de quem não gostam ou que lhes perturbam a vidinha, com muito pretextos e o que vemos são os professores contratados a serem publicamente amiguinhos do director e dos amigos do director, sempre de acordo com todas as suas políticas, mesmo que as achem desastrosas e as arrasem pelas costas.
Quem é que o diretor vai escolher: a pessoa que tem formação, experiência e cabeça e que exerce um ponto de vista educado e crítico ou a pessoa que tem uns créditos de um curso, é manipulável e acima de tudo quer agradar para ficar? Qual destas duas vai turvar a vidinha do director e dos seus amigos? 
E quem é que o ministro da educação prefere? Professores críticos que se opõe às suas políticas de desgraça ou professores caladinhos a obedecer aos diretores em tudo e mais alguma coisa? Quem é que vai atrever-se a ter uma opinião que não esteja de acordo com o director?

A última réstia de uma escola democrática, com algum pluralismo e autonomia pedagógica desaparece. Fala-se muito em autonomia mas pensa-se sempre a nível de escolas: a escola ter autonomia para decidir políticas para a sua escola. Ora, acontece que as políticas definidas pela escola para a escola, já agora são definidas por cinco ou seis pessoas apenas que são, o director mais dois ou três da direcção, mais dois ou três amigos que estão no CP ou CG. Essas pessoas, algumas das quais se mantêm nos cargos trinta ou mais anos, já roubam muita autonomia pedagógica os professores com as suas uniformizações de tudo e mais alguma coisa, mesmo do que não devia ser uniforme, desde logo porque as disciplinas são muito diferentes umas das outras. O ministro quer fazer com que estas práticas se tornem lei. 

Doravante todas as ordens e políticas vêm com uma ameaça nuclear, 'ou cumpres ou...'. Agora há sempre um 'ou' implícito, que significa, 'escusas de pensar em ser efectivo aqui'.
Já agora há nas escolas pessoas que em cinco anos chegam ao 10º escalão e outras com o mesmo tempo de serviço que ficam muito longe. E não é pelas primeiras serem competentes e as outras não... e quanto a isto nem digo mais nada aqui, mas todos que andamos nas escolas há um tempo sabemos que a Lurdes Rodrigues modificou os escalões com essa intenção de tornar a progressão na carreira independente da competência e dependente do amiguismo rebanhista. Imagine-se quando forem os directores a escolher quem fica efectivo e quem nunca entrará na carreira. A passarem palavra uns aos outros, como já fazem muitos, acerca deste professor e o outros serem perigosos e outras coisas. Aquela pessoa está riscada do mapa para sempre.
Há directores que são uma excepção a esta regra mas só com uma lanterna se encontram e a custo.

Portanto, este ministro que é uma pessoa autoritária e não admite que o contrariem está a fazer uma escola à sua maneira e à maneira do PS, pois no futuro, nas escolas, se isto é aprovado, 'quem se mete com o director e os seus amigos, leva'.

Eu culpo o primeiro-ministro que é quem o escolheu, por duas vezes, por ele saber manipular estatísticas e é quem dá o exemplo de ter o governo e o partido como uma firma de amigos e familiares, prática que põe à frente de todos os interesses do país.

O meu conselho a quem está a pensar em ser professor com seriedade, com inteligência e integridade é: não seja. Vá procurar outra profissão onde não esperem que seja uma amanuense acéfala de pequenos ditadores.

Quero ver se os sindicatos aprovam isto.

E já agora, onde andam, de facto, os 900 milhões de euros?

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