Fui ver este filme. O filme é impressionante. É uma filme de época, a medieval, mas é um filme de pessoas, de emoções e de relações entre pessoas. Muito bom. Depois, a fotografia... aquelas paisagens selvagens da Dinamarca, as tundras agrestes, muito ventosas e as florestas de faias... O castelo medieval à borda do penhasco. Sempre os tons escuros de pouca luz, dentro e fora dos castelos.
O filme passa-se na Scania, uma região do sul da Dinamarca que agora é sueca mas que foi dinamarquesa até meados do século XVII, a quem os romanos deram o nome por considerarem que as terras a norte da Germânia faziam todas parte de uma ilha a que chamavam Scania.
A Escandinávia, palavra que deriva de Scania, engloba a Dinamarca, a Suécia e a Noruega. Em 1397 a rainha Margrete I, que foi uma grande e importante rainha, conseguiu que os três países escandinavos parassem de guerrear-se entre si e formassem uma aliança, chamada União de Kalmar, que durou mais de dois séculos, para se defenderem dos germânicos. A Suécia acabou por sair, mas a Noruega e Dinamarca seguiram juntas até 1814.
Neste filme, a rainha está prestes a fazer uma aliança com os ingleses, que têm um exército poderoso. A aliança consiste no casamento do seu filho adoptivo e herdeiro com a princesa inglesa em troca do apoio dos ingleses contra os alemães. No dia em que a princesa chega à Dinamarca com a comitiva inglesa aparece um indivíduo que clama ser o filho da rainha e, seu herdeiro, supostamente morto há 15 anos. Todo o filme se passa à volta deste episódio que põe em causa a União de Kalmar, a aliança com a Inglaterra e a defesa contra os teutões.
O filme é baseado em factos históricos, quer dizer, houve mesmo esse episódio. No entanto, pouco se sabe dessa crise, a não ser que esse que clamava ser o verdadeiro herdeiro e rei dinamarquês foi queimado numa pira, pois todos os documentos das audiências e do julgamento foram queimados com ele. Esse desconhecimento do que se passou deu ao argumentista a liberdade de imaginar uma trama.
A actriz principal que faz de Margrete I, Trine Dyrholm, conta, numa pequena entrevista no YouTube, que na estreia do filme em Copenhaga, a rainha actual da Dinamarca, Margrete II, esteve presente e ficou sentada a seu lado. Quando a rainha entrou levantaram-se todos. Depois começou o filme e numa das primeiras cenas a rainha Margrete I, protagonizada por si, Trine, entra numa sala e todos se levantam. Ela conta isso como uma espécie de momento trans-temporal, quer dizer, 700 anos separam uma Margrete de outra, mas a teatralidade dos gestos e dos rituais é exactamente a mesma.
Foi uma tarde muito bem passada. 😊
ReplyDeleteUmaMaria
Pois foi :)
ReplyDelete