A quantidade de indignações críticas que por aí vão por conta de um espectáculo taurino cómico de com anões organizado em Alcobaça. Chegam a comparar com arremesso de anões.
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, já veio dizer que este tipo de espectáculo “é atentatório à dignidade humana e contraditório com tudo o que importa defender no plano das políticas de inclusão”, como cita o Público. “De cómico não tem rigorosamente nada”, frisa ainda o governante.
Qual é a diferença entre este espectáculo aqui abaixo e o seguinte e porque é que o primeiro não é alvo de críticas? Por ser uma brincadeira com pessoas de tamanho normal? O que é cómico no espectáculo é o facto dos anões enganarem os touros e saírem por cima numa situação de desproporção de tamanho e forças óbvia entre o homem e o animal e quem os vai ver respeita a coragem de se porem em frente dos animais, bem como o talento e a técnica de se lhes esquivarem.
Que os anões se aproveitem da sua condição para ter um trabalho artístico que lhes permita ganhar a vida em vez de depender da caridade alheia não me choca nada, antes pelo contrário, de maneira que estas indignações parecem-me deslocadas. Os cómicos em geral são pessoas que se aproveitam de características invulgares ou as produzem artificialmente para provocarem o riso. Não vejo ninguém ficar chocado com isso. Ou é por não serem anões?
O representante português do grupo humorístico espanhol, Jaime Amante, também vinca, em declarações ao Público, que são espectáculos inclusivos com “vários artistas, independentemente da sua condição física, possuidores de carteiras profissionais e que exercem a sua profissão de modo livre“.
“São cidadãos com plenos direitos que realizam a sua vocação artística numa vertente de toureiro cómico, que tem uma tradição muito longa no tempo. Só quem tenha preconceitos para com uma pessoa, pelas suas condições físicas pode achar que estes artistas não merecem a consideração e o respeito de todos, começando por respeitar as suas livres opções profissionais“, reforça também Jaime Amante.
As “touradas cómicas” permitem a estes artistas “construir uma vida digna, criar as suas famílias, fugir ao estigma social e mudar o seu destino”, diz ainda.
“Se um cidadão por acaso tem um problema genético, deve ser discriminado no acesso a uma profissão? Mas se quiser ser actor pode ou não sê-lo? Os direitos destas pessoas são propriedade do senhor ministro ou daqueles que se dizem indignados e querem estigmatizar estes artistas e as suas livres opções?”, questiona também.
“Não nos dão lições de direitos humanos, ou de inclusividade, porque são aqueles que organizam estes espectáculos que, muito antes de ser moda, praticaram a inclusão e o combate de um estigma que os novos censores modernos querem destruir”, aponta também Jaime Amante.
Adoro quando os discriminados mandam os defensores dos coitadinhos remeter-se à sua insignificância mental.
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