Deste ano lectivo. Ainda tenho meia dúzia de alunos a enviar trabalhos... estou cansada.
Hoje na escola uma colega que conheço há muitos anos, muito antes de ela ir parar ali à escola, dizia-me que amanhã é o seu último dia de trabalho. Esteve a mostrar-me as fotografias do neto. Pôs os papéis para a reforma há 15 dias e já vai embora amanhã. Agora é assim: em 4 dias ou uma semana vêm logo os papéis da autorização e ala que se faz tarde. O ministro está desejando ver-se livre de nós para poder contratar tarefeiros baratos e bem mandados porque são pessoas que não conheceram a escola de gestão democrática de maneira que não sentem a diferença. Adiante. Dizia-me ela que ainda não estava bem ciente de ser o penúltimo dia de trabalho, quer dizer, ainda está cheia de trabalho porque a reunião da DT dela foi ontem e há muita coisa para fazer e que não teve tempo de habituar-se à ideia de largar 40 anos de trabalho. Enquanto rasgava papéis dizia-me, 'Beatriz, conhecemo-nos há muito tempo e sou mais velha que tu de maneira que vou dizer-te: nestes anos que te faltam, pensa na tua saúde, em ti e na tua família porque este trabalho desgasta-nos até à última e a certa altura vamos embora e os outros que ficam continuam e a gente não faz falta. Enquanto estivémos fizemos alguma falta a uns mas depois tudo passa e vêm outros'.
De facto, há pessoas que trabalharam ali, e bem, trinta anos e depois foram embora e é como se nunca lá tivessem estado. Vêm pessoas novas que não sabem quem era. É certo que não é bem assim, porque no nosso trabalho o importante é imaterial, a arquitectura que ajudamos a construir não é visível nos alunos que tocámos, que ajudámos, de uma maneira ou de outra, a ir mais longe, a ver melhor, a viver mais conscientes, aqueles de quem ficámos amigos e mais aqueles colegas que respeitamos e ficam na nossa lembrança. Porém, dá que pensar a fugacidade da vida e como tudo, mesmo o que foi, e é, intenso e vivo, deixa o ser, a certa altura e tudo se refaz no lugar que materialmente ocupava.
A tua colega tem toda a razão!
ReplyDeleteFaltam-me 5 meses para me libertar!
Temos que comemorar isso :)
DeleteAhah
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