No dia em que se comemora o silêncio, um filme centrado num ruído. Este filme, passado na Colômbia, centra-se numa mulher estrangeira que começa a ouvir um ruído que mais ninguém ouve e que parte à procura do significado desse ruído. No entanto, o filme não é sobre o ruído mas sobre nós enquanto seres e a nossa relação com mundo, a Natureza e o Universo. Não tem música e a sua banda sonora são os sons da Natureza, da cidade, dos seres humanos. Mais do que descrever ou explicar o filme mostra a Natureza, as construções humanas e o próprio ser humano como caixas de ressonância onde as vibrações do Universo ficam retidas, discos duros que guardam toda a informação do que é. Depois, nós, humanos, podemos ser como antenas que captam essas camadas de milénios de experiências em qualquer cenário ou objecto (o som que ela ouve, por exemplo) e nunca perdermos o «diálogo» com a [nossa] Natureza ou podemos estar perdidos no ruído superficial do mundo, sempre com filtros entre nós e entre nós e o mundo, incapazes de o apreciar ou pensando que os momentos em que o apreciamos, esses momentos de ruptura com o «normal» são loucuras, alucinações, alienações. A arte vem daí, dessas visões de alucinação, a música vem dessas alucinações sonoras. Como cada um pensa, imagina e sente cada coisa é tão individual -cada um com as sua vibrações, ressonâncias e colecções íntimas de traumas- que a comunicação é difícil.
Este filme é muito polissémico e penso que terá muitas interpretações consoante quem o vê.
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