April 28, 2022

Educação: misturar alhos e bugalhos




Muitas vezes com premissas erradas. Em primeiro lugar, não é verdade que no secundário os alunos só trabalhem para as médias e que todo o curso seja apenas uma preparação para a faculdade e que os alunos sejam reféns das médias. Uma minoria de alunos que são os que querem prosseguir estudos, trabalha para as médias e dentro desses os que são muito stressados com as médias são ainda uma outra minoria: os que querem ir para engenharia espacial ou medicina que requerem médias acima de 18. No tempo em que estudei não havia estas médias altas para aceder a certos cursos e mesmo assim havia alunos obcecados com as notas. A maioria dos alunos não gosta de estudar nem quer continuar a estudar.

Mais do que mudar o modelo de acesso à faculdade o que é preciso é mudar o modelo de ensino deste ministro que tem uma ideia da educação tirada da catequese e dos filmes: os professores como endoutrinadores e os alunos como pedras preciosas em bruto a quem os professores descobrem grandes inteligências e magicamente os põem a gostar de estudar. Este modelo de ensino estás a desperdiçar alunos.

Não é verdade que este sistema deixe alunos com grandes capacidades à porta das universidades e se há alunos com capacidades por desenvolver é porque este modelo de ensino é contrário ao desenvolvimento de capacidades. Não há desenvolvimento de capacidades sem trabalho e este modelo desincentiva o trabalho dos alunos e desresponsabiliza os pais pelo desenvolvimento de capacidades sem as quais não há sucesso na escola. Que interessa o modelo de acesso à universidade se todo o curso do básico e secundário se desenvolve segundo um modelo contraditório nos seus termos?

Finalmente, andar a dizer que todos os alunos deviam ter acesso à universidade é não pensar no que deve ser a universidade. A universidade não é uma finishing school para dar uns lamirés de educação como dantes se fazia às raparigas que iam para a Suíça receber polimento para não embaraçarem os maridos ricos. Ou se é (na alturas das eleições ouvi Rui Tavares sugerir que todos os alunos fossem fazer uma ano à faculdade mais ou menos para isso) temos que estar preparados para outro tipo de sociedades sem as vantagens da progressão do conhecimento que temos tido.

O que gostava era que estes responsáveis pensassem antes de vir para os jornais dizer 'coisas' que têm grandes consequências sociais. 

Diretores e pais pedem grandes mudanças no acesso ao Ensino Superior

Programa do Governo promete reavaliação do modelo de acesso ao Ensino Superior. Diretores escolares e encarregados de educação pedem fim de um ensino de "marranço" a pensar nas médias.

Um secundário onde os alunos lutam por cada décima e onde o foco está centrado apenas na média. É este o cenário que pais e diretores de escola, do ensino privado e do ensino público, querem que mude. No Programa do Governo, divulgado no início do mês, o Executivo prometeu reavaliar o modelo de acesso ao ensino superior, com o objetivo de separar "a certificação do ensino secundário e o acesso ao ensino superior".

Rodrigo Queiroz e Melo, diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), lamenta o facto de os alunos do ensino secundário serem "reféns das médias, contadas décima a décima". 
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Um sistema que, na sua opinião, deixa alunos merecedores e com grandes capacidades à porta das universidades. "Defendemos que deve haver exames no secundário para acesso, mas esse não deve ser o único critério para a entrada no ensino superior. Especialmente nos cursos mais competitivos, a entrada devia ser feita por patamares. Por exemplo, num determinado curso, fixar-se um patamar de média, e a partir da obtenção dessa média mínima, a escolha ser feita, depois, nas universidades.

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"Acesso imediato para todos"

A CNIPE (Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação) vai mais além e quer, no imediato, que "todos os alunos tenham acesso ao ensino superior". 

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