Enfim, é sabido que quando se trata de amor deixamos de raciocinar e de ver o que está diante dos olhos.
A Ucrânia é o pretexto
Mariana Mortágua
A Ucrânia é o pretexto
Mariana Mortágua
Em 1962, o Mundo viveu um impasse perigoso quando, em plena Guerra Fria, a União Soviética instalou mísseis nucleares na ilha de Cuba, recentemente libertada do ditador Fulgêncio Batista.
Perante a ameaça, Kennedy determinou o bloqueio naval da ilha, levantado quando os EUA se comprometeram a não invadir Cuba e ambas as potências retiraram os seus mísseis, a URSS de Cuba e os EUA da Turquia, perto da fronteira soviética.
Perante a ameaça, Kennedy determinou o bloqueio naval da ilha, levantado quando os EUA se comprometeram a não invadir Cuba e ambas as potências retiraram os seus mísseis, a URSS de Cuba e os EUA da Turquia, perto da fronteira soviética.
(...)
Enquanto a Rússia (e as autoridades ucranianas) continuam a afastar a hipótese de uma invasão, os porta-vozes do Ocidente parecem querer precipitar o evitável. O responsável pela Defesa dos EUA anunciou uma invasão iminente, o primeiro-ministro britânico mencionou, sem provas, a existência de agitadores russos na Ucrânia e o presidente Biden quis competir com Putin em arrogância e temeridade. Ao contrário da solução diplomática, que exigiria a retirada de todas as forças estrangeiras e a neutralidade militar da Ucrânia, o conflito permite aos EUA a imposição de sanções inéditas à Rússia, como a expulsão do sistema de pagamentos internacionais e o bloqueio do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha. Ambas as potências ficariam assim isoladas e enfraquecidas. Por seu lado, na UE não falta quem deseje aproveitar o conflito para justificar o projeto de um exército europeu, a começar pela indústria do armamento.
Como sempre, há muito em jogo, nesta guerra económica e de influências a nível mundial. A Ucrânia é o pretexto e o seu povo é a última preocupação.
Enquanto a Rússia (e as autoridades ucranianas) continuam a afastar a hipótese de uma invasão, os porta-vozes do Ocidente parecem querer precipitar o evitável. O responsável pela Defesa dos EUA anunciou uma invasão iminente, o primeiro-ministro britânico mencionou, sem provas, a existência de agitadores russos na Ucrânia e o presidente Biden quis competir com Putin em arrogância e temeridade. Ao contrário da solução diplomática, que exigiria a retirada de todas as forças estrangeiras e a neutralidade militar da Ucrânia, o conflito permite aos EUA a imposição de sanções inéditas à Rússia, como a expulsão do sistema de pagamentos internacionais e o bloqueio do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha. Ambas as potências ficariam assim isoladas e enfraquecidas. Por seu lado, na UE não falta quem deseje aproveitar o conflito para justificar o projeto de um exército europeu, a começar pela indústria do armamento.
Como sempre, há muito em jogo, nesta guerra económica e de influências a nível mundial. A Ucrânia é o pretexto e o seu povo é a última preocupação.
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